Governo rejeita uso do Windows para fins educacionais

O governo brasileiro não parece disposto a dar espaço para que softwares proprietários, como o sistema operacional Windows, da Microsoft, entrem na competição por projetos de inclusão digital nas escolas públicas. Segundo César Alvarez, assessor especial

Como já acontece com o programa Computador para Todos – que oferece linhas de financiamento para fabricantes que vendam micros de até R$ 1,4 mil, usando exclusivamente o sistema de código aberto Linux – o projeto Um Computador por Aluno (UCA) vai exigir o software de código aberto por parte dos fabricantes. 
 


Tentativa frustrada
 


Kevin Turner, terceiro homem da Microsoft no mundo, esteve no Brasil recentemente para anunciar um pacote de software com o Windows e o Office por US$ 3, o que representa um desconto de 99% em relação ao preço normal dos produtos, a maior ofensiva feita até agora pela empresa para entrar em projetos de baixo custo e quebrar a hegemonia que o Linux ocupa no segmento. O programa visa equipar computadores portáteis que serão comprados por governos e distribuídos a alunos da rede pública.
 


Mas, para José Luiz de Aquino, da assessoria especial da Presidência, as possibilidades de êxito da Microsoft são poucas. “Não há espaço para sistemas de código fechado na concepção desse projeto”. Os argumentos que balizam a postura do governo já são conhecidos: apoiar o conhecimento local com o desenvolvimento de sistemas de tecnologia, a geração de negócios entre empresas brasileiras e a comunidade de desenvolvedores de software. 


 
No campo do computador educativo há três possibilidades colocadas: o laptop de US$ 100, da organização Um Laptop Por Criança (OLPC); o ClassMate, da Intel; e o Mobilis, da indiana Encore. A Microsoft não divulgou detalhes sobre o entendimento com nenhuma delas. Não há, porém, resistência por parte dos donos dos projetos.
 


A questão deve ganhar corpo com a licitação internacional para compra dos equipamentos que o governo federal prepara para o segundo semestre. A licitação deverá exigir o uso de sistemas abertos, uma configuração mínima em relação ao equipamento, a inclusão de programas com fins educacionais e a garantia de que haja, de alguma forma, a participação de fornecedores nacionais. Pelo menos 50 mil máquinas deverão ser compradas e distribuídas em escolas de todos os Estados. Hoje, cinco escolas públicas do país testam as três opções de laptop.



Fonte: Observatório do Direito à Comunicação