MST protesta contra prisão de 19 militantes

Dezenas de militantes do MST realizaram na tarde dessa quinta-feira (24) uma manifestação em frente à Delegacia da Polícia Federal em Volta Redonda, na região Sul do estado do Rio de Janeiro. Os trabalhadores sem-terra protestaram contra a prisão de 19 mi

Os manifestantes denunciaram a “ação arbitrária e ilegal” dos policiais, já que 17 militantes do MST foram obrigados a passar quase 24 horas na cadeia sem que sequer fosse apresentada acusação formal contra eles. Dois dirigentes do MST na região, ambos filhos de assentados da reforma agrária, foram indiciados por resistência à prisão. Francisco Lima é advogado e participa da Rede Nacional de Advogados Populares. Luciana Miranda é pedagoga e coordenadora do MST. Segundo nota divulgada pelos manifestantes, a prisão dos sem-terra “é mais uma mostra da criminalização dos movimentos sociais promovida pelas polícias e o Poder Judiciário”.


 


A maioria das prisões foi efetuada dentro do acampamento Maria Crioula, que fica às margens da BR-393, e aconteceu momentos após 60 trabalhadores sem-terra terem desocupado a rodovia, na altura do distrito de Dorândia, na cidade de Barra do Piraí. A rodovia permaneceu bloqueada por cerca de uma hora e, segundo a direção do MST, foi desocupada após um acordo com a Polícia Militar. Após deixar o bloqueio, parte dos manifestantes rumou para nova mobilização em frente à sede do INSS e parte se dirigiu de volta ao acampamento.


 


O segundo grupo, de acordo com os relatos dos sem-terra, foi surpreendido pela presença de um ônibus da PM dentro do acampamento. Os policiais reviraram as barracas, destruindo algumas, e apreenderam instrumentos usados pelos trabalhadores na lavoura, como ancinhos, facões e foices. Os sem-terra detidos foram levados para a 88ª Delegacia da Polícia Civil (Barra do Piraí), e de lá seguiram para a Delegacia da Polícia Federal em Volta Redonda, onde permaneceram por toda a noite.


 


Durante toda a quarta-feira, advogados e dirigentes do MST tentaram libertar os presos, mas não conseguiram estabelecer diálogo com o delegado de plantão, que sequer divulgou os motivos para a prisão de 17 dos 19 sem-terra detidos. A soltura dos trabalhadores rurais só foi decidida após a Rede Nacional de Advogados Populares ter apresentado pedido de hábeas corpus na Justiça Federal – com base nas ilegalidades cometidas durante a prisão e na ausência de justificativa ou acusação formal – e após a intervenção de alguns parlamentares ligados ao MST.


 


Três mil no Centro do Rio


 


A mobilização do dia 23 reuniu cerca de três mil pessoas no Centro do Rio. Sindicalistas, estudantes, trabalhadores sem-terra e representantes de outros movimentos sociais se reuniram na Candelária e seguiram até o Ministério da Fazenda, onde protestaram contra a aprovação da Emenda 3 e a política econômica do governo federal. A manifestação também passou pela sede da Caixa Econômica Federal.


 


Em frente à sede da Companhia Vale do Rio Doce, os manifestantes questionaram o processo de privatizações e pediram a anulação da venda da ex-estatal. Foram distribuídos panfletos convocando a população carioca a votar no plebiscito sobre a anulação da venda da Vale, que será realizado em setembro. Em frente ao prédio da Justiça Federal, os manifestantes voltaram a protestar contra a criminalização dos movimentos sociais, e na Biblioteca Nacional prestaram solidariedade às categorias de servidores federais em greve.