Lula ironiza mudança de postura de Bush em relação ao clima

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (7), em Berlim, que é um avanço o fato de o presidente norte-americano, George W. Bush, se envolver na discussão sobre o aquecimento global, mas ironizou a sua mudança de postura.

''É um avanço o presidente Bush decidir discutir um assunto que não tinha nem interesse. Não sei se ele mudou depois de ter visto o filme do Al Gore'', disse Lula, referindo-se ao documentário sobre mudanças climáticas do adversário político de Bush, intitulado Uma Verdade Incoveniente.



O presidente falou com jornalistas após participar de uma reunião do G5 (Brasil, Índia, China, México e África do Sul), que discutiu, entre outros temas, propostas para combater as mudanças climáticas.



Clube de amigos



Apesar da brincadeira, Lula criticou a posição ''voluntarista'' do presidente norte-americano, que na semana passada propôs uma reunião de chefes de Estado para discutir o assunto, mas continua resistindo à adoção de metas obrigatórias para a redução das emissões de gases poluentes associados ao aquecimento global.



''O que ele quer é um clube de amigos'', disse Lula. Segundo o presidente, que também se encontrou com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e líderes de México, Índia, China e África do Sul (que, juntos com o Brasil, integram o G5) nesta quinta-feira, ''o Brasil está convencido de que a melhor solução (para o desafio climático) é respeitar as decisões dos órgãos multilaterais''.



Lula também voltou a cobrar dos países ricos – responsáveis por 66% das emissões, segundo ele – maiores sacrifícios para conter os desequilíbrios climáticos.



''Não aceitamos que os países pobres tenham que fazer os sacrifícios'', disse Lula. ''Os países ricos precisam assumir a responsabilidade em despoluir o planeta que eles poluíram.''



Biocombustíveis



O presidente também voltou a defender os biocombustíveis como uma solução que, além de ajudar no combate ao aquecimento global, pode gerar empregos em países pobres.



Quanto ao suposto impacto ambiental da produção de cana-de-açúcar para etanol, Lula disse que o Brasil não aceita o argumento de que a produção de etanol estaria ameaçando a Amazônia.



Segundo o presidente, o Brasil tem terras suficientes para outros cultivos e apenas 6% delas estão tomadas pelo plantio de cana. ''A Amazônia é nossa'', disse o presidente.



Lula também teve encontros com os presidentes da Nigéria (Umaru Yar'Adua) e da Argélia (Abdelaziz Bouteflika).



Os dois países africanos participam de um grupo de dez países africanos convidados para uma sessão com os líderes do G8 na sexta-feira.



O presidente deve viajar a Heiligendamm, onde ocorre a cúpula do G8, apenas nesta sexta-feira de manhã.



Fonte: BBC