Embaixador cubano cobra do Brasil investimentos no seu país

Embora as relações comerciais entre Brasil e Cuba já tenha alcançado este ano a cifra de US$454 milhões, colocando o país como o segundo maior parceiro da Ilha na América Latina e o 10o no mundo, não existem investimentos brasileiros naquele país. É o


Mosquera afirmou que seu país compra alimentos, vestuários e calçados e vende basicamente para o Brasil medicamentos. Porém, reclama pela falta de investimento, por exemplo, da Petrobras e de empresas brasileiras. ''Somos o quarto maior produtor mundial de níquel e temos jazidas de petróleo que podem ser exploradas'', disse.


 


Na área de turismo, o embaixador afirmou também que são boas as perspectivas para investimentos por parte de empresas brasileiras. Para o incremento dessa área, Mosquera anunciou que 30 hotéis estão sendo construídos na Ilha.


 


A presidente do Grupo Parlamentar, deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), diz que os deputados e senadores do grupo vão debater o assunto com os dirigentes da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e da Companhia Vale do Rio Doce. ''Essa é a forma de promovermos o diálogo e buscarmos uma solução'', disse a deputada.


 


O vice-presidente do Grupo, deputado Jackson Barreto (PTB-SE) e o 3º vice, Fernando de Fabinho (DEM-BA), ficaram responsáveis em marcar reuniões com empresários e os dirigentes da ANP para encaminhamento da demanda cubana.


 


Intercâmbio médico


 


Além do intercâmbio comercial, os parlamentares debateram com o embaixador o problema do reconhecimento pelo Brasil do diploma dos estudantes cubanos e brasileiros que cursam medicina na Ilha. Segundo o embaixador, os dois países assinaram um acordo de cooperação técnico-científico que permite instituições brasileiras e latino-americanas homologarem títulos.


 


No caso cubano, uma comissão brasileira exigiu que os alunos formados em Cuba fizessem complementação curricular com mais duas disciplinas, o que deve ser feito num ajuste complementar do acordo no Congresso Nacional. Os deputado vão debater o assunto com a liderança do governo para verificar os empecilhos para o fechamento do acordo. Atualmente cerca de 200 médicos cubanos trabalham no Brasil, sobretudo em Roraima, Amazonas e Tocantins.


 


O embaixador também solicitou ajuda dos parlamentares brasileiros para a melhorar a parceria com os brasileiros na implementação do Programa Mundo Livre da Cegueira da Organização Mundial da Saúde (OMS). Coordenado por especialistas cubanos, o programa, que já obteve a adesão de 24 países, fará na América Latina seis milhões de operação de catarata (lesão ocular que atinge o cristalino e compromete a visão).


 


Ajuda educacional


 


Também é interesse de Cuba expandir o programa de alfabetização de adultos que, segundo o embaixador, zerou o analfabetismo na Venezuela e avança com bons resultados na Bolívia. No Brasil, existem pilotos no Maranhão e Paraná. O método cubano utiliza vídeo com imagens recebidas por uma parabólica. Nele, o adulto é alfabetizado em sete semanas.


 


No campo político, foi firmado o compromisso em trabalhar para a formação dos grupos parlamentares legislativos estaduais e municipais. Atualmente já existem organizações como essas em São Paulo e Minas Gerais. Ainda este ano, o grupo pretende instalar outros no Amazonas, Bahia, Rio Grande do Sul e Sergipe.


 


Posição política


 


Quanto ao bloqueio econômico imposto ao país pelos Estados Unidos, Pedro Mosquera diz que o Brasil deve ratificar sua posição contrária na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). No Conselho de Direitos Humanos da ONU, Cuba também quer o apoio brasileiro para que não seja renovado os mandatos dos atuais conselheiros que têm posição discriminatória contra diversos países não-alinhados aos EUA. ''Eles nunca aprovaram resoluções, por exemplo, contra o racismo na Europa e ao tratamento desumano enfrentado pelos imigrantes nos EUA'', disse o embaixador.


 


O Grupo Parlamentar também vai continuar protestando contra a libertação do terrorista Posada Carriles responsável por brutais assassinados em Cuba e na Venezuela e ainda aprovaram o repúdio a prisão dos cinco cidadãos cubanos. Eles foram condenados à prisão perpétua por se infiltrarem em organizações terroristas mantidas por exilados cubanos que funcionavam na Flórida. A missão deles era descobrir os planos terroristas e informar ao governo cubano. Além dos parlamentares, já se posicionaram contra a prisão dos jovens a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).


 


De Brasília


Iram Alfaia