Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana 2007 homenageia a cultura negra

Foi divulgada a programação do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana – Fórum das Artes. O evento receberá, de 8 a 29 de julho, um extenso conjunto de atrações, todas voltadas para o tema central da festividade, que este ano homenageia a cultura negr

    Sob a égide de Chico Rei, o lendário escravo que comprou a própria alforria e, com seu trabalho, libertou centenas de outros cativos, o Festival reconhece a importância da cultura afro-brasileira para a formação das duas cidades e para a construção da identidade nacional. Em 21 dias de duração, sete a mais que em 2006, o Festival oferecerá 68 oficinas e 400 vagas, divididas em Literatura, Artes Plásticas, Artes Visuais, Artes Cênicas, Música, Patrimônio, e Infanto-Juvenil.


 


     De acordo com os organizadores, o Festival se baseia, sobretudo, no crescimento das cidades que abrigam o evento e no desenvolvimento de seus moradores, por meio da democratização da cultura e da possibilidade de geração de renda, uma vez que o fluxo de turistas durante o período permite a exploração das potencialidades da região. Para o vice-prefeito de Mariana, Roque Camilo, a integração entre as cidades é um ponto que merece ser lembrado. “Responsabilidade social com enfoque em cultura se tornou uma das marcas de Ouro Preto e Mariana, e o Festival representa bem isso”, comenta. A opinião é compartilhada pelo secretário Vitório Lanari. “Temos orgulho em dizer que, hoje, 10 km unem nossos municípios, fazendo com que nossas ações estejam sempre em harmonia”, acredita.


 


    Além de todos esses aspectos, a coordenadora Guiomar de Grammont lembra que a diversidade cultural existente nas duas cidades permite que o Festival abarque um número cada vez maior de ações. “Isso é estimulado, principalmente, pelo histórico que circunda a cidade. Esse ano, teremos um universo ainda maior a ser explorado, pois a contribuição que a cultura negra, tema desta edição do evento, oferece é muito grande”, analisa. O reitor João Luiz Martins fortaleceu a opinião da coordenadora, enfatizando a necessidade de promover um resgate da história de Ouro Preto e Mariana com a ajuda das atividades desenvolvidas durante o Festival.


 


    O coordenador e pró-reitor de Extensão da UFOP, Fábio Faversani, destaca a importância desse diálogo entre o passado e o futuro. Ele lembra que essa atitude inspira também a forma como o Festival se apresenta ao público, já que a integração entre as áreas é essencial para que os participantes possam desfrutar do evento em sua totalidade. “Nossa busca é pela diversificação de atrações e de linguagens; é preciso explorar todas as possibilidades”, afirma, ao apontar para as inovações que se apresentam nessa edição do evento.


 


    O ponto em comum a todas as áreas foi a inspiração trazida pelo tema do evento, Chico Rei e a Cultura Afro-brasileira, que foi escolhido através de voto popular, durante o Festival de Inverno de 2006. O personagem foi o norteador do conceito de várias das oficinas e seminários, que buscaram, através da história comovente dessa figura lendária, homenageada em diversos rituais e festas de Minas Gerais, marcar a contribuição da cultura negra para a construção da identidade brasileira.


 


    Personagem – Nascido no Congo com o nome “Galanga”, Chico Rei era um monarca guerreiro e sumo-sacerdote do deus pagão Zambi-Apungo. Foi capturado com toda a corte por comerciantes portugueses de escravos e vendido com o filho Muzinga no Rio de Janeiro, de onde foi levado para Ouro Preto em 1740.


 


    Não se sabe bem como, mas Chico comprou sua carta de alforria, libertou o filho, conseguiu arrematar uma mina de ouro supostamente esgotada e, com o trabalho na mineração, comprou a liberdade de centenas de escravos, entre os quais os integrantes da sua corte africana.


 


    Chico, um homem inteligente e enérgico, tornou-se rei novamente no exílio, com direito a cetro de ouro, coroa e palácio real. Com seu carisma e determinação, o rei ex-escravo, que trabalhava como todos nas minas de ouro, se tornou, também, um homem rico e respeitado.


 


    Com seu carisma e determinação, o rei ex-escravo, que trabalhava como todos nas minas de ouro, se tornou, também, um homem rico e respeitado, que deixou 42 potes, com aproximadamente 100 quilos do metal precioso, ao morrer, em 1781, aos 72 anos.


 


Para mais informações acesse; http://www.festivaldeinverno.ufop.br/


 


Fonte; UFOP