Mística e reflexões sobre conjuntura abrem 5º Congresso do MST

Palavras de ordem e milhares de bandeiras vermelhas anunciavam o início do 5° Congresso do MST, na noite desta segunda-feira (11), no Estádio Nilson Nelson, em Brasília. A abertura oficial contou com a já tradicional apresentação da mística. Nela

No bem humorado enredo da mística, que contou a história do Movimento, desde a sua fundação em 1985, até chegar os dias de hoje, destaque para a celebração do casamento entre o latifúndio e o agronegócio, ambos representados por bonecos gigantes caricaturados. Em clima de sarcasmo, os convidados desse casamento, não poderiam ser outros: os usineiros, a mídia corporativa e o “Zé Pelego”, ironicamente chamado de representante da classe trabalhadora. 



Durante sua saudação aos militantes, Marina ressaltou a importância do 5º Congresso para a atual conjuntura política nacional. “No amanhã, nosso 5º Congresso será considerado um dos maiores eventos de camponeses do Brasil e do mundo”, afirmou. Segundo ela, essa grande participação se deve, entre outras coisas, a maior organicidade do Movimento. Para Marina, o povo organizado e um muro invencível, e esta é uma oportunidade, dentro da conjuntura atual, de os militantes do Movimento crescerem mais e mais nos valores humanistas e socialistas.



A integrante da coordenação nacional também fez críticas ao governo federal, que segundo ela, mantém a mesma política do mandato anterior, que é de beneficiar as elites e o capital internacional, e, também destacou o crescimento do caráter internacionalista do Movimento, sobretudo, dando apoio a luta dos povos dos países da América Latina. Ao falar do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, criticou a hipocrisia dos grandes meios de comunicação brasileiros, que criticaram a decisão do venezuelano de não renovar a concessão pública da RCTV. “A luta dos trabalhadores é internacional. Demonstramos nossa solidariedade ao governo da Venezuela”, diz.



Presente na mesa de abertura, Artur Henrique, presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), falou da importância de construir a unidade entre os movimentos populares. “Precisamos de uma estrategia conjunta e fazer uma aliança dos movimentos sociais e colocar as massas nas ruas para pressionar o legislativo, o executivo e o judiciário.”



Plácido Junior, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), reforçou a idéia de que o MST precisa retomar o espírito de sua origem e projetá-lo cada vez mais para a realidade. Na luta contra o agronegócio e contra a nova febre chamada agrocombustível. “O campesinato deve produzir para se alimentar, e produzir melhor a energia, que e o alimento”, ressaltou.



Com palavras de ordem “Reforma Agrária: por justiça social e soberania popular”, lema do Congresso, os militantes-artistas concluíram a apresentação da mística cuspindo fogo. O fogo que alimenta a luta por uma Reforma Agrária, e que nas palavras da dirigente Marina, alimentam também a mudança dos valores. Segundo ela, o corpo físico pode morrer, menos os valores humanistas, que proporcionarão a verdadeira revolução.



A abertura do 5º Congresso Nacional do MST, realizada na noite dessa segunda-feira (11), contou também com a participação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Associação Brasileira de Ongs (Abong), União Nacional dos Estudantes (UNE), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e da centrais sindicais Conlutas e Intersindical. Na platéia representantes de partidos políticos como o PSOL, PT, PCdoB, PCB e PDT, além de representantes internacionais, como da Palestina e do México.



Fonte: Brasil de Fato