Consumo liderou aumento do PIB no 1º trimestre

O crescimento de 6% no consumo das famílias no primeiro trimestre de 2007 ante igual período do ano passado foi o maior apurado pelo IBGE desde o primeiro trimestre de 2000. Esse foi o 14º resultado positivo trimestral consecutivo.

Claudia Dionisio, técnica da coordenação de contas nacionais do IBGE, explica que a expansão no consumo foi conseqüência do aumento da massa salarial real e do crescimento nominal de 24,6% do saldo de operações de crédito do sistema financeira para pessoas físicas. Ela explicou que “com certeza a demanda interna foi o carro-chefe” do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano.



O aumento da renda disponível bruta no País do primeiro trimestre do ano passado para igual período de 2007 fez com que, mesmo com o aumento do consumo, a taxa de poupança (poupança bruta/PIB) também crescesse. Segundo o IBGE, a taxa de poupança foi de 17,4% no primeiro trimestre de 2007, acima da taxa de 16,4% do primeiro trimestre do ano passado.



Segundo dados apresentados por Claudia Dionisio, a renda disponível bruta no País passou de R$ 526 bilhões no primeiro trimestre de 2006 para R$ 586,5 bilhões em igual período de 2007, com incremento de R$ 60 bilhões. No mesmo período, a despesa de consumo final cresceu menos, o equivalente a R$ 46 bilhões, possibilitando a elevação da taxa de poupança simultaneamente ao crescimento do consumo das famílias.



Câmbio



A valorização do real impediu que a taxa de investimento (Formação Bruta de Capital Fixo/PIB) ficasse acima dos 17,2% apurados pelo IBGE no primeiro trimestre de 2007, segundo explicou o coordenador de contas nacionais do instituto, Roberto Olinto. Segundo ele, como o cálculo da taxa é feito a partir de valores nominais correntes, o preço dos produtos acaba influenciando no resultado final.



Como as importações de bens de capital tem crescido muito, os preços mais reduzidos acabaram impedindo um aumento maior da taxa. Mesmo com essa limitação, a taxa do primeiro trimestre deste ano foi igual à do primeiro trimestre de 2006 e manteve-se como a maior para um primeiro trimestre desde 2001.



Segundo Olinto, essa foi a influência mais visível do câmbio nos dados do PIB do primeiro trimestre. Ele destacou que não é possível afirmar que a queda do dólar tenha efeitos negativos sobre o PIB. “Não se pode dizer que as importações são positivas ou negativas para o PIB, há prós e contras”, disse.



Importações



A taxa de crescimento das importações mais uma vez superou a das exportações e manteve contribuição negativa do setor externo para o PIB no primeiro trimestre deste ano, como já vem ocorrendo desde o primeiro trimestre de 2006. No primeiro trimestre de 2007, ante igual período do ano passado, as exportações de bens e serviços cresceram 5,9%, enquanto as importações aumentaram 19,9%.



Claudia Dionisio observou que os destaques das importações foram bens de capital e bens de consumo não-duráveis. Roberto Olinto sublinhou que ainda que as importações tenham sempre contribuição negativa para o cálculo do PIB, por outro lado contribuem positivamente com a maior oferta de bens em geral, como máquinas e equipamentos.