Presidente Lula e Xuxa lançam campanha contra castigos físicos  

O governo federal trouxe para dentro do Palácio do Planalto um ícone do mundo infantil – a apresentadora Xuxa Meneghel – para o lançamento da campanha “Não Bata, Eduque!”, nesta sexta-feira (15). O Presidente Lula, em seu discurso, sempre se dirigindo

A campanha, que reuniu um grupo de crianças, todas vestindo a camiseta da campanha, pretende mostrar à sociedade que castigos físicos e humilhantes não são medidas disciplinares eficientes na educação de crianças.



A campanha quer levar a sociedade a refletir sobre esse assunto e promover uma mobilização para que essa prática seja abandonada. A iniciativa da campanha é da Rede Não Bata, eduque, que congrega diversas entidades do país empenhadas na defesa dos direitos das crianças.



Com duração prevista de um ano, a campanha passará a ser veiculada, a partir desta sexta-feira, em emissoras de rádio, TV, jornais e revistas, tendo Xuxa como sua porta-voz.



Violência disfarçada



Cuidar dos filhos e educá-los não é tarefa fácil. Por isso, o enfoque da campanha é positivo e não culpa os pais, pois eles precisam de apoio para utilizar as “estratégias positivas de educação”, que são aquelas formas educativas que não utilizam a violência física e psicológica e que promovem o desenvolvimento físico, emocional e social dos filhos.



Não é difícil encontrar adultos que pensam que palmadas e puxões de orelha são necessários na educação dos filhos. Em todas as classes sociais brasileiras é possível encontrar pais que defendam a chamada psicologia da palmada. Pensam que essa é a uma boa maneira de formar o caráter das crianças e impor limites.



Na verdade, esse expediente revela a falta de paciência que os adultos costumam ter no complexo ofício de criar seus filhos.



Nenhum adulto gosta de ser tratado a sopapos e humilhações. A Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas considera que “a dignidade é inerente a todos os membros da família e que seus direitos são iguais e inalienáveis para fundamentar a liberdade, a justiça e a paz no mundo”. A criança e o adolescente não são exceções aos princípios contidos na Declaração dos Direitos Humanos e, portanto, não devem ser alvo da violência dos adultos.



Os castigos corporais chamados de moderados podem acabar em espancamento. Muitas vezes, pais e mães estressados com as atribulações do dia-a-dia perdem o controle. O adulto é muito mais forte que a criança e essa força pode dobrar se ele estiver com raiva. Há casos de pais que aplicam palmadas no bumbum da criança que chegam a atingir o nervo ciático, causando dores fortes nas pernas.



Outro tipo de castigo não muito raro é quando o pai ou a mãe, num rompante de raiva, sacode a criança. Tal punição pode causar lesões permanentes no pescoço e até matar, mesmo que o agressor não tenha a intenção.



“A violência contra crianças e adolescentes na família pode freqüentemente ocorrer no contexto de medidas disciplinares e assumir a forma de castigo físico, cruel e humilhante”, alerta o especialista Paulo Sérgio Pinheiro no Relatório Global sobre a Violência contra Crianças no Mundo.



O relatório, apresentado na Assembléia das Nações Unidas no dia 11 de outubro do ano passado, é o primeiro estudo abrangente desenvolvido sobre todas as formas de violência contra crianças. Para a produção do documento, o especialista utilizou dados da Organização Mundial de Saúde e ouviu crianças de várias partes do mundo que passaram por situações de violência.



Ciclo da violência



Vivemos numa sociedade em que o ciclo da violência começa na infância. Bater nos filhos é um hábito culturalmente aceito entre os brasileiros, mas de acordo com a Dra. Renata Waksman,, pediatra coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência contra Crianças e Adolescentes da Sociedade de Pediatria de São Paulo, esse comportamento contribui para o recrudescimento de todas as formas violência na sociedade em geral. “A violência começa em casa. Aquela criança que é vítima da força dos pais tem maior possibilidade de replicar isso na vida adulta”, diz a pediatra.



“Os castigos físicos representam violação do direito à vida, à integridade física e psicológica e ao pleno desenvolvimento da criança. Trata-se de uma prática obsoleta que vem sendo substituída até no adestramento de animais”, classifica Eleonora Ramos, membro da Rede Não Bata, Eduque!.
 


De Brasília
Márcia Xavier
Com agências