Protesto pela educação em SP entra em confronto com a PM

Integrantes da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e professores, estudantes e funcionários das universidades públicas paulistas – USP, Unesp e Unicamp – realizam um ato em defesa da educação no vão livre do Masp,

Os motivos dos protestos foram contra os decretos mantidos pelo governador José Serra (PSDB) que ameaça a autonomia universitária e a reivindicação do aumento da verba destinada à educação. Em 2006, o então governador Cláudio Lembo (DEM) vetou a elevação de 1% na receita para o setor – ela subiria de 30% para 31%. O ato desta sexta pede que Serra revogue a medida adotada por Lembo.


 


Além disso, os manifestantes chamaram palavras de ordem contra o governo Lula e a Reforma Univeristária.


 


Ao menos dez ônibus levaram estudantes da ocupação do prédio da reitoria da USP (Universidade de São Paulo), no Butantã (zona oeste), até a Paulista. Mais estudantes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) chegaram em quatro ônibus.


 


Confronto


 


Após um ato conjunto no Masp, uma parte dos estudantes, trabalhadores e professores ligados às universidades paulistas saíram em passeata da Av. Paulista até a Secretaria de Ensino Superior, na rua Guaianases (Campos Elíseos, região central). A Apeoesp e a Adusp (Associação dos Docentes da USP) não acompanharam a passeata.


 


Segundo o presidente da Adusp, César Minto, além de os docentes da USP estarem em um número reduzido, não foi decidido em assembléia que eles acompanhariam a passeata. “Não foi possível chamar uma nova assembléia.”


 


O confronto com a PM se deu quando o protesto tentou fechar as duas vias de acesso a Avenida Paulista. Os policiais entraram em ação para tentar liberar uma das pistas. Os manifestantes enfrentaram os policiais, que fizeram uma fila com as motocicletas da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) e chegaram a apontar armas na tentativa de intimidar os manifestantes. A PM também utilizou gás de pimenta para conter os manifestantes. Até o momento não há registros de gravemente feridos.


 


Divisão


 


Ao chegarem na Avenida Consolação o confronto foi controlado e os manifestantes chegaram a Secretaria de Ensino Superior. Um grupo de manifestantes chegou a sinalizar que poderia ocupar o prédio da Secretaria, mas decidiu encerrar a manifestação.


 


A decisão do término do ato foi tomada em uma assembléia tumultuada. Alguns manifestantes protestaram contra parte do grupo que continuava a gritar palavras de ordem a favor da ocupação a Secretaria. Outros manifestantes decidiram seguir até a sede da Secretaria de Estado da Educação, gerando ainda mais conflitos que foram contornados em uma nova assembléia que pôs fim ao protesto.


 


Os organizadores do ato não quiseram comentar a divisão entre os integrantes da manifestação.


 


Greve


 


Nesta quinta-feira (14) os professores da Unicamp decidiram em assembléia encerrar a greve que já durava quase um mês. “Decidimos suspender o movimento, mas a mobilização continua para evitar punições aos estudantes e funcionários em greve”, disse o presidente da Adunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp), Valério Arantes.


 


A primeira entidade a sair da greve foi a Adusp, que em sua assembléia na segunda-feira (11) decidiu retomar as aulas e por fim à greve que já durava 19 dias. Também os professores de três faculdades da Unesp em Bauru (343 km de SP) decidiram pelo fim da greve nesta quinta. A Adunesp (Associação dos Docentes da Unesp), porém, não confirmou o fim da paralisação nas unidades.


 


Ocupação na USP


 


Os estudantes da USP (Universidade de São Paulo) que ocupam o prédio da reitoria desde o dia 3 de maio divulgaram na tarde da quarta-feira (13) uma carta aberta à reitora Suely Vilela pedindo que seja marcada uma reunião para discutir os pontos abordados em assembléia realizada na terça-feira (12).


 


A assessoria de imprensa da reitoria informou que a reitora recebeu, via e-mail, a carta, entretanto, em nota, a reitoria afirma não ter recebido as reivindicações dos ocupantes do prédio e que tomou conhecimento do seu conteúdo apenas por meio da mídia.


 


O informe da assessoria cita ainda que na última reunião realizada com a comissão de estudantes e funcionários, no dia 4 deste mês, foi solicitada à comissão que apresentasse proposta concreta sobre a desocupação do prédio, aprovada pela assembléia, com base nas discussões já ocorridas.


 


Procurado para comentar o assunto o integrante da comissão de imprensa da ocupação, Carlos Gimenez, afirmou que a comissão de negociação ainda não havia se posicionado a respeito. Independente disso os alunos marcaram uma série de atividades até o próximo sábado (16), quando acontecerá um encontro nacional de estudantes, com um acampamento em frente a reitoria, a Reforma Universitária.