Quadrilha de banqueiros e ONGs movimentou 120 milhões

O sistema financeiro, sempre ultraprotegido pelo judiciário e por governos passados, agora entrou na mira das operações policiais. Relatórios do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) repassados ao Ministério Público do Distrito Federal

A denúncia está sendo investigada pela Operação Aquarela, que tem por objetivo pôr fim a uma quadrilha especializada em desvio de dinheiro público. Na última quinta-feira, foram presos o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin Moura, e o presidente da Associação Brasileira de Bancos Comerciais Estaduais (Asbace), Juarez Cançado.


 


Ao todo, o Coaf produziu sete relatórios. Seis deles considerados os mais importantes, pois identificaram a maior parte das transações financeiras foram elaborados em colaboração direta com o Ministério Público do DF, responsável pelas investigações, junto com a Receita Federal e a Polícia Civil de Brasília. As movimentações incluem saques, depósitos e transferências bancárias suspeitas e aquelas realizadas em dinheiro vivo acima de R$ 100 mil.


 


Conforme as investigações, o BRB firmou contratos sem licitação com a Associação Nacional dos Bancos Estaduais (Asbace) e duas empresas de tecnologia, que por sua vez subcontrataram as ONGs. Embora se identificassem como ´sem fins lucrativos´, as organizações atuariam como entidades de fachada para lavagem de dinheiro do grupo. Os recursos repassados às entidades, segundo as autoridades, eram desviados. Estima-se que o BRB tenha sido lesado em R$ 50 milhões.


 


O rastreamento das operações financeiras permitiu às autoridades identificar o caminho do dinheiro. A investigação constatou que essas organizações vendiam notas fiscais correspondentes a projetos e serviços não executados. O valor, em seguida, seria direcionado para os beneficiários do esquema, por meio de saques feitos com cartões corporativos pré-pagos ao portador.


 


A operação também é realizada em Goiás, São Paulo e Paraná, onde o cumprimento de mandados de prisão também ficaram a cargo de policiais civis do DF, que se deslocaram para esses estados. O nome da operação está ligado à Editora Cortes, investigada pela operação. “Aquarela” é o título do único livro publicado pela editora.


 


A operação feita por 50 policiais e 30 auditores, em seis andares do BRB, apreendeu 200 mil dólares e cerca de 130 computadores e documentos. As apreensões serão analisadas por peritos do Instituto de Criminalística e auditores da Receita Federal.


 


Empresas investigadas:
Cartão BRB
Banco de Brasília
ATP Tecnologia e Produtos AS
Investimentos ATP S/A
Associação Nacional de Bancos
Fundação Asbace de Ensino e Pesquisa
Datalink Ltda
ONG Caminhar
ONG Conviver
Êxito Comércio de Produtos Nacionais Ltda
FLS Tecnologia
Instituto Êxito
SDL Engenharia e Consultoria
Consys Systems & Consulting
Kamaoun Câmbio e Turismo Versal Artes Gráficas
EDR3 Comunicação
Capital Empreendimentos
Agentes Autônomos de Investimentos Ltda
Critério Pesquisas Consultoria e Marketing LTDA



Da redação,
com agências