Daniel: “Com Lula vivemos um momento propício para o debate sobre a política educacional”
O último Congresso da União Estadual dos Estudantes elegeu, em Nova Friburgo, o novo presidente da entidade, o camarada Daniel Iliescu, estudante de Ciências Sociais da UFRJ. O Alerta Rio conversou com ele para saber como foi o início sua participação no
Publicado 22/06/2007 19:42 | Editado 04/03/2020 17:05
Alerta Rio – Como você começou a atuar no Movimento Estudantil?
Daniel Iliescu – Eu comecei a participar do movimento estudantil em Petrópolis quando era secundarista. Conheci a moçada da UJS no colégio quando fizemos uma campanha para fundar o grêmio. Eu estudava em uma escola privada e a direção era contra, mas montamos o grêmio com base na lei do grêmio-livre. Foi quando entrei para a UJS e o Movimento Estudantil. Nessa época já estava no terceiro ano, em seguida passei para a UFRJ, em maio de 2002. Depois passei pelo Centro Acadêmico de Ciências Sociais e fui Conselheiro Universitário. Entrei para a UNE em 2006 e agora fui eleito presidente da UEE/RJ.
Alerta Rio – Qual a principal meta da sua gestão?
Daniel – O Meio-passe é a principal bandeira da UEE. Já existe essa lei em Volta Redonda, Petrópolis e capitais como São Paulo, Cuiabá e Vitória. Vamos pressionar a Alerj e desenvolver um calendário de aprovação nas câmaras municipais.
Alerta Rio – Qual sua avaliação do congresso que elegeu você presidente?
Daniel – O congresso foi um fórum muito bom. Primeiro porque foi o congresso da UEE que nós conseguimos atingir o maior número de universidades. Tivemos 700 estudantes, sendo 300 delegados e 400 observadores. Só isso já foi positivo. Em segundo lugar, o congresso foi bem estruturado, com todos os movimentos participando. Aconteceram cinco bons debates: conjuntura estadual, desafios da educação superior, democratização da comunicação, violência, maioridade penal e economia e desenvolvimento no estado do Rio. No final do congresso, nós chamamos todas as chapas que participaram do congresso e fizemos um ato unificado em defesa do meio-passe (que atinge estudantes de universidades públicas e privadas).
Alerta Rio – Quais os principais projetos em nível nacional?
Daniel – A luta do movimento estudantil é por políticas educacionais inclusivas, a ampliação do acesso às universidades públicas, a democratização do acesso nas universidades privadas – como o ProUni – e a Reforma Universitária. Nós vivemos um momento muito propício para o debate sobre política educacional. Desde o início do governo Lula, vários temas foram pautados, não só pelo governo, como no caso da Reforma Universitária. No caso da Universidade Nova, o projeto foi feito pelo reitor da Bahia, entre outros, que discute a questão curricular, a formação pedagógica e o meio-passe, além do debate sobre investimento, infra-estrutura e a qualidade do corpo docente.
Alerta Rio – Quais são as propostas para as universidades privadas?
Daniel – Nas universidades privadas queremos a regulamentação das mensalidades, tornar mais transparente a cobrança. Se houver aumento tem que estar limitado ao índice da inflação (IPC), o que resguarda o aluno do aumento abusivo. Hoje em dia, tem universidade aumentando 8%, 10% e 12%. Apresentação da planilha de custos, aumento só com aviso prévio de 120 dias – que hoje é de 45 dias, obrigação de negociar com as entidades estudantis e pais de alunos. Esse projeto está no Congresso Nacional desde 2005, mas o lobby das mantenedoras é muito forte.
Alerta Rio – E para as universidades públicas estaduais?
Daniel – Nas universidades públicas estaduais a principal questão é o orçamento. Nas federais a verba ainda é curta, mas há um esforço para aumentar. Em nível estadual isso não acontece. Os dois últimos governos foram muito ruins para a educação. A gente precisa garantir uma política de estado para as universidades estaduais. Queremos que 10% do ICMS seja vinculado para elas e, com isso, criar um fundo para as universidades. Criar assistência estudantil com bandejão e alojamento.
Alerta Rio – Qual a expectativa para o congresso da UNE?
Daniel – Teremos uma participação boa do Rio de Janeiro. Será o Congresso de 70 anos da UNE, muito simbólico pela recuperação do seu terreno. Assim que terminar as obras terá um espaço para a UEE/RJ.