Sorrentino: mais filiados, mais vida partidária
Por Walter Sorrentino*
A reunião da Comissão Política Nacional, realizada em 15 de junho, confirmou que existe em todo o país um movimento substancial de novas filiações ao PCdoB. Muitos são ou foram prefeitos ou vice-prefeitos, vários são
Publicado 22/06/2007 13:54
Pode-se dizer que o PCdoB está em meio à primeira fase de preparação do seu projeto eleitoral-2008, da qual o aspecto central é precisamente trazer novos filiados para candidaturas a vereadores e prefeitos. Tudo indica que ela se intensificará até 30 de setembro, quando se encerra o prazo de filiações. Não se trata, portanto, de um fenômeno rotineiro ou episódico. Um rumo bem afirmativo e direcionado precisa ser estabelecido para intensificar esse impulso, perseguir ativamente as filiações e abrir caminho a um projeto eleitoral mais ousado.
A última reunião da Comissão Política Nacional chamou a atenção precisamente para a necessidade de medidas especiais e concentradas para incorporar à vida partidária regular esses novos militantes. Esse é o centro da questão. No PCdoB as pessoas não entram para ficarem soltos, sem ligação com a vida partidária, sem orientações para a atuação. Aliás, é uma das características distintivas do PCdoB – seu espírito militante, de construção coletiva das orientações e controle coletivo sobre sua aplicação. Se essas pessoas deram o primeiro passo – valoroso – que foi pedir filiação, cabe às organizações municipais e estaduais fazerem sua parte, buscando criar espaço para participação delas nos debates partidários.
As medidas tradicionais – digamos assim, dos “tempos de paz” – podem ser insuficientes. Na verdade, o indispensável é reforçar o espírito político na condução dos comitês municipais, tornar regular seu funcionamento e reforçar a institucionalidade partidária. Mas isso não basta. É preciso estabelecer com os novos filiados os liames que intensifiquem a relação deles com o cotidiano do partido, como fator de co-responsabilização com a construção e aplicação da orientação partidária.
As Conferências partidárias já em preparação são o terreno natural para isso. Todos devem ser incorporados à construção do projeto, sem sectarismos ou excepcionalidades. É certo que muitos dos novos aderentes integrarão as direções a serem eleitas o que exige um grande esforço de mediação política. Igualmente certo que se devem constituir organismos dos mais variados tipos para uma participação regular deles. Nova escala de realização de plenárias militantes, reuniões com os parlamentares ou Fóruns de Macro-Região será necessária, realizando assim o apoio das direções estaduais ao trabalho dos comitês municipais. Mas antes mesmo disso, há um enorme espaço para iniciativas inovadoras, para estabelecer liames permanentes e regulares entre os novos filiados e a estrutura partidária.
Antes de tudo, por intermédio da imprensa partidária. Vermelho e seu boletim diário via correio eletrônico precisa chegar rigorosamente a todos os novos filiados, bastando para isso colher seu endereço eletrônico. Princípios e A Classe Operária também. Por que não divulgar, por exemplo, nas páginas estaduais de Vermelho, a biografia política dos novos aderentes, de modo sistemático, como modo de fazê-los mais conhecidos no cenário político? E, sem dúvida, todos podem ser integrados aos cursos estruturados regularmente pelo Partido. No nível mais básico, o Bem-vindos Camaradas! e a boa experiência do Curso Básico em Vídeo, é indispensável, quanto aos primeiros passos. A maioria pode ser integrada também às turmas do Curso de Capacitação de Quadros Intermediários, que está sendo ministrado em todo o país.
Há ainda – mas não de menor importância – a questão da Carteira Nacional de Militante, instrumento legítimo para abordar a responsabilidade de todos em sustentar o partido, eleger e ser eleito, além de contribuir com a campanha pela sede nacional própria.
Decididamente, a linha e o repertório de trabalho partidário estão bem desenvolvidos e instrumentalizados. Filiados novos que venham ao partido e fiquem soltos, desarticulados, é sintoma de falta de saúde e empenho político das direções partidárias. No limite, revela falta de ímpeto para abrir caminho à ousadia política. Para isso, se exige esforço de cada uma e de todas as frentes de trabalho partidário, bem planejada, concentrada e direcionada. Métodos estratificados, burocráticos ou estreitos não darão conta da originalidade da situação vivida pelo PCdoB. Está aí um bom exemplo da direção concreta, realizadora e eficiente que se deve pôr em marcha, para demonstrar que o PCdoB é um partido que faz o que diz, e diz aquilo que faz.
Como já se vem afirmando, o êxito do projeto eleitoral avançado do PCdoB para 2008 está sendo plantado desde já. O reforço das medidas apontadas são no sentido do fortalecimento do partido, que tem na militância organizada a sua força e a garantia do desenvolvimento da saudável e necessária unidade na ação política. Essas medidas estão ao alcance de todas as direções estaduais, sem choro nem vela (como diria o poeta).
* Walter Sorrentino, médico, é secretário nacional de organização do PCdoB