Ufrgs pode adotar cotas raciais e sociais
O Conselho da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Consun-UFRGS) decide no próximo dia 29 se adota cotas para negros, indígenas e estudantes de escolas públicas.
Publicado 22/06/2007 11:29 | Editado 04/03/2020 17:12
A proposta é que 10% das vagas do vestibular 2008 sejam reservadas para afro-descendentes e ex-estudantes de escolas públicas, além de 10 vagas para indígenas. Já em 2009, as vagas aumentariam para 15% e, em 2010, para 20%.
O projeto é polêmico na Universidade. Integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufrgs, Raquel Mattos afirma que as cotas são uma forma de reparar as desigualdades raciais e econômicas que existem na sociedade brasileira.
“A gente entende que é uma medida paliativa, que não podem ser eternas, mas que para o primeiro momento elas são necessárias, porque elas cumprem o papel que é de colocar o negro dentro da sala de aula. Quem é contra as cotas raciais não quer ver o negro do seu lado, porque hoje eles não estão na universidade. Não é a toa que esse debate virou tão polêmico, porque ele trouxe o debate do racismo e as pessoas estão mostrando que elas não estão acostumadas a escutar isso no Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul”, diz.
No entanto, o presidente do centro acadêmico da Faculdade de Medicina, Glauco Konzen, diz que os estudantes contrários ao projeto foram excluídos dos debates. Ele é contra as cotas raciais na Ufrgs.
“A gente vê que é uma forma de tapar o sol com a peneira. A implementação de cotas raciais na Ufrgs é uma forma de tentar tratar os sintomas e não o problema. As cotas raciais não vão beneficiar os que realmente precisam. A gente acha que as cotas sociais poderiam ser bem melhor aplicadas”, diz.
Em todo o Brasil, 35 universidades adotaram as cotas raciais e sociais. Destas, 29 reservam vagas para afro-descendentes e indígenas. No Rio Grande do Sul, a primeira instituição a implementar políticas afirmativas foi a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), que guarda metade de suas vagas para estudantes pobres e 10% para pessoas com necessidades especiais.
O reitor da Ufrgs, José Carlos Hennemann, é favorável à aprovação das cotas. Além da Ufrgs, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) também estuda adotar medida semelhante.
Agência Chasque