Bird relaciona escolaridade de uma nação a seu PIB

Habituados a ouvir dizer que a baixa escolaridade trava o desenvolvimento, os brasileiros têm agora um número calculado pelo Banco Mundial (Bird) que ajuda a provar o tamanho do estrago social e econômico.

Segundo o banco, o Produto Interno Bruto (PIB) do País deixa de crescer meio ponto porcentual por ano porque um grande contingente de jovens não consegue terminar a escola. Essa porcentagem significa que, em uma geração (40 anos, neste caso), o Brasil deixa de ganhar R$ 300 bilhões, o equivalente a 16% do Produto Interno Bruto.



O estrago e a conta estão no relatório “Jovens em Situação de Risco no Brasil”, divulgado nesta segunda-feira (25) em Brasília. E os custos são muito mais amplos: violência, gravidez precoce, aids, desemprego, abuso de drogas e álcool. Os problemas que cercam os jovens em risco custam caro, tanto em despesas diretas do País quanto no que esse jovens deixam de produzir, para si e para o Brasil.



O diagnóstico do Banco Mundial é duro: “A baixa acumulação de capital humano permite antecipar uma futura geração que não será competitiva nem na região, nem no mundo”, diz o estudo. “Não apoiar os jovens é um custo alto para o País. É um grupo sobre o qual o governo tem de pensar mais”, disse a autora do estudo, Wendy Cunningham, economista sênior do Banco Mundial.



Apesar de uma certa evolução – os jovens brasileiros hoje têm, em média, 8,5 anos de estudo, um a mais do que a geração anterior –, a escolaridade no País é considerada baixa. O estudo mostra que o número de jovens que chegam ao ensino superior no Brasil é o menor da América Latina.



A cadeia da pobreza



Se os jovens brasileiros que deixam a escola completassem apenas o nível de ensino seguinte ao que deixaram de fazer – se um jovem que deixa a escola na 8ª série do ensino fundamental, por exemplo, terminasse o ensino médio –, ele receberia um salário maior. Somados, esses salários (não recebidos) da geração que largou a escola somariam mais R$ 300 bilhões girando na economia nacional.



Entre os jovens mais pobres, a taxa de analfabetismo é três vezes a da média nacional. Os que trabalham com carteira assinada representam apenas 1/8 da média do País e 90% dos jovens desempregados vêm de famílias com renda inferior a dois salários mínimos.



De acordo com o Banco Mundial, o Brasil tem uma das menores taxas de desemprego entre jovens da América Latina. Mas, quando comparada à dos adultos, é alta demais para um País com o nível de atividade econômica que o Brasil tem.



9,5 milhões



O estudo não quantifica quantos jovens brasileiros poderiam ser considerados em situação de risco. O governo brasileiro trabalha com um grupo de 9,5 milhões de jovens entre 15 e 29 anos que estão fora da escola e desempregados. Desses, 4,5 milhões ainda não conseguiram completar nem mesmo o ensino fundamental.



“Esse é o público mais importante. Se atacarmos esses problemas, podemos alcançar os demais”, disse o secretário nacional de Política para a Juventude, Beto Cury.



Fonte: O Estado de S. Paulo