ZPEs são aprovadas no Senado 

O Senado aprovou, no início da noite desta quarta-feira (27), projeto que faz alterações na lei que criou no Brasil, no governo José Sarney, as Zonas de Processamento das Exportações (ZPEs), estabelecendo como serão cobrados os impostos das indústrias

O projeto aprovado nasceu no Senado em 1996, sendo remetido à Câmara. Lá, recebeu várias emendas, as quais foram agora votadas pelos senadores. Um acordo foi realizado entre os senadores e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prevendo que o presidente da República fará vários vetos no projeto, enviando a seguir ao Congresso uma medida provisória que completará o acordo.


 


O acerto evitou que os senadores fizessem mudanças nas emendas introduzidas pelos deputados, o que levaria novamente a matéria ao exame da Câmara.



O projeto mantém as 17 ZPES criadas na década de 80 e recomenda que os governadores a partir de agora adotem medidas para que esses distritos saiam do papel. O projeto prevê também que o governo poderá criar novas áreas de exportação com redução de impostos.


 


As ZPEs existem em 104 países, as quais dão emprego a 60 milhões de pessoas. Só na China, são 40 milhões de trabalhadores. A Índia tem 60 zonas de incentivo às exportações.


 


Luta histórica



O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) destacou que as ZPE´s são fruto de uma luta histórica e política que levou à sua aprovação unânime pelo plenário do Senado. Ele registrou os nomes de Cláudio Correia Lima e Cláudio Ferreira Lima, do Banco do Nordeste, que trabalharam incansavelmente nos bastidores do projeto com idéias e sugestões para seu aprimoramento.



O Senador destacou que o fato das ZPE´s se constituírem em instrumento novo de política econômica não deve causar receio por parte das regiões mais industrializadas, porque são fundamentais para o desenvolvimento do País: “Esses instrumentos novos vão abrir caminhos para o desenvolvimento do Brasil. Jamais passou pela cabeça de qualquer parlamentar nordestino prejudicar qualquer região do país com as ZPE´s”, afirmou.



Ainda segundo Inácio, o principal obstáculo que deve ser combatido de modo a viabilizar de forma definitiva é o da taxa cambial. “O problema do câmbio, assim como as questões alfandegárias, por exemplo, serão tratados na regulamentação da lei. É fundamental aperfeiçoar esse instrumento, pois as ZPE´s, a exemplo de outros projetos, como a Ferrovia Transnordestina, são projetos nacionais”, disse. “Também é importante destacar o papel do Presidente Lula, que está convencido a respeito da viabilidade desse projeto para o progresso brasileiro”, elogiou.


 


Homenagem



Inácio prestou ainda uma homenagem ao ex-deputado Humberto Teixeira, já falecido, e que foi o compositor da música Asa Branca, sucesso há mais de 60 anos na voz de Luiz Gonzaga: “Asa Branca fala sobre o êxodo do povo nordestino para o sul e sudeste, pessoas que saíam da sua terra natal pela falta de alternativas de sobrevivência. Mas a canção também falava do retorno. Acredito que estamos aqui dando mais um passo para que o povo nordestino não tenha mais razões para partir de sua terra”, comparou.



De Brasília
Aline Pizatto