Cúpula da União Africana começa com apelo ao entendimento
O presidente em exercício da União Africana (UA), John Kufuor, apelou a uma plataforma de entendimento que permita a construção de um governo continental, tema da agenda da cúpula que começou na última segunda-feira (2) em Acra, capital de Gana.
Publicado 03/07/2007 10:59
Falando na abertura do evento, que reúne cerca de 40 chefes de Estado e de governo ou seus representantes, incluindo o presidente moçambicano, Armando Guebuza, Kufuor disse acreditar que os debates do tema irão produzir consensos que conduzam ao estabelecimento de mecanismos apropriados para criação de um governo da UA, suas funções e responsabilidades.
''É um desafio imenso, mas aliciante. Estamos no limiar de uma nova era com grandes desafios para África'', disse Kufuor, apelando ainda a um debate de qualidade.
Kufuor, que é igualmente chefe de Estado do Gana, disse ser desolador o fato da África, apesar de ser o segundo maior continente do mundo e desfrutar de grandes recursos naturais, continuar a ser considerada ''última fronteira'' do desenvolvimento econômico e social.
Lembrou que uma das alavancas para o desenvolvimento foi lançada em 2003, em Maputo, com a criação da Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD), que se pretende que seja integrada nas estruturas da UA rumo à transformação deste instrumento em agência de desenvolvimento do continente.
Regozijou-se com o fato de o seu país (Gana) acolher a cúpula da UA para debater um projeto que foi arquitetado há meio século pelo pan-africanista Kwame Nkrumah, primeiro presidente do primeiro país africano a ascender à independência.
Nessa altura, Nkrumah disse que a independência de Gana não tinha sentido se toda a África não fosse libertada, lançando, assim, a visão de um governo africano rumo à formação dos Estados Unidos da África.
A cerimônia de abertura foi marcada pela ausência do grande entusiasta do projeto de governo e Estado africanos único, Muamar Kadafi, embora ele já se encontrasse na capital de Gana.
A anteceder Kufuor, o presidente da Comissão da UA, Alpha Omar Konaré, defendeu, na sua intervenção, a necessidade de se avançar rapidamente para a criação de um governo e uma bandeira pan-africanos únicos.
Konaré vincou ter chegado o momento de se avançar já do atual nível regional, que carateriza África, para um nível continental, frisando que a integração continental é uma ação política determinante só à altura de uma liderança com vontade política forte.
''O que precisamos é de uma África unida e forte'', disse Konaré, ex-chefe do Estado do Mali.
Moçambique e outros países da Comunidade para o Desenvolvimento do Sul da África (SADC) concordam com o projeto da integração africana, mas questionam o momento para a sua implementação, defendendo a priorização do reforço das estrututuras da UA, bem como das comunidades econômicas regionais rumo à sua integração, através da livre circulação de pessoas e bens, comércio livre, união alfandegária e monetária. Ao que tudo indica, esta posição será dominante na cúpula.
Konaré, no final do seu mandato como presidente da comissão, terminou o seu discurso com um ''viva o governo dos Estados Unidos da África''.
O grande debate sobre a criação de um governo africano rumo aos Estados Unidos da África prossegue terça e se encerra na quarta-feira (4).