Renan Calheiros diz que não sai do cargo por ''pseudo clamor''
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reafirmou nesta terça-feira que não vai se afastar do cargo até que seu processo seja julgado no Conselho de Ética. Respondendo a um discurso do senador Artur Virgílio (PSDB-AM), que pediu em plenário
Publicado 03/07/2007 18:38
Mais cedo, após tomar conhecimento da decisão da Mesa Diretora do Senado de devolver seu processo ao Conselho de Ética, Renan já havia afirmado que não deixaria o cargo.
“Sucumbir à sedução de um pseudo clamor é incompatível com a coragem e honradez que tenho me pautado. Com serenidade, entendo que devo permanencer na presidência, mesmo que, com isso, contrarie apetites políticos de ocasião”, disse Renan.
“Luto e vou responder absolutamente tudo que houver e, como não há nada, isso é uma coisa fácil. Não há nenhuma acusação formal contra mim'', completou o senador.
Renan Calheiros negou que o Senado viva uma crise por conta das denúncias de que ele teria despesas pessoais pagas com dinheiro de um dirigente da empreiteira Mendes Júnior.
''Não há crise na instituição. O Senado tem deliberado até mais do que a média, e vamos continuar deliberando'', garantiu.
A devolução do processo ao Conselho de Ética foi mais um capítulo do caso que se arrasta há mais de um mês. O envio do processo à Mesa havia sido feito na segunda-feira pelo presidente do conselho, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO).
''A Mesa decidiu pelo voto dos seus membros aquilo que já tínhamos decidido desde o dia 31, mandar para o Conselho de Ética. Só que eu mandei de maneira monocrática e a Mesa mandou agora de maneira democrática. A Mesa apenas referendou aquilo que eu havia feito no dia 31'', disse Renan.
Apesar de versões darem conta de que o reenvio do processo se configura como uma derrota do senador, ele considerou a devolução favorável.
''Não tenho acompanhado a tramitação, mas é bom que isso aconteça, porque é uma oportunidade para que a gente comprove tudo'', disse. O Conselho de Ética tem reunião marcada para o fim desta tarde.
O alvo é Lula
Ainda nesta terça-feira, a bancada do PT no Senado divulgou uma nota em que defende a continuidade das investigações. A grande imprensa rapidamente tratou de qualificar a nota como mais uma peça de ataque ao presidente do Senado. No entanto –mesmo levando em conta atitudes erráticas de senadores petistas como Aloízio Mercadante e Eduardo Suplicy, que se impressionam facilmente com a artilharia midiática e vacilam na defesa de Renan–, a leitura da nota do PT não dá margem para o tipo de interpretação que a imprensa conservadora divulgou.
A nota diz que ''os senadores expressam sua irrestrita confiança no prosseguimento das investigações no Conselho, observados o devido processo legal e as garantias constitucionais do contratidório e da ampla defesa''.
O texto afirma ainda que os parlamentares se empenharão para que o procedimento em curso seja concluído de forma rápida, ''nos estritos termos constitucionais, legais e regimentais, fazendo-se a necessária Justiça''. Pede que o Conselho se reúna o mais breve possível para dar continuidade à investigação.
Já a bancada do PDT decidiu, por unanimidade, pedir o afastamento temporário de Renan da presidência até que sejam concluídas as investigações. A movimentação do PDT soma-se ao movimento dos partidos de direita (PSDB e DEM) que viram no caso Renan uma oportunidade de fustigar e desgastar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
PSDB e DEM alimentam ainda a esperança de disputarem a presidência do Senado no caso de uma eventual saída de Renan Calheiros da presidência da Casa.
A avaliação geral do caso Renan é a de que sua situação se torna a cada dia mais difícil. ''Está muito ruim'', admitiu, nesta terça, em uma conversa reservada, o senador José Sarney (PMDB-AP), que forma, com Renan, a principal dupla de apoio ao governo no Senado.
Da redação,
com agências