Renan Calheiros diz que não sai do cargo por ''pseudo clamor''

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reafirmou nesta terça-feira que não vai se afastar do cargo até que seu processo seja julgado no Conselho de Ética. Respondendo a um discurso do senador Artur Virgílio (PSDB-AM), que pediu em plenário

Mais cedo, após tomar conhecimento da decisão da Mesa Diretora do Senado de devolver seu processo ao Conselho de Ética, Renan já havia afirmado que não deixaria o cargo.


 


“Sucumbir à sedução de um pseudo clamor é incompatível com a coragem e honradez que tenho me pautado. Com serenidade, entendo que devo permanencer na presidência, mesmo que, com isso, contrarie apetites políticos de ocasião”, disse Renan.



“Luto e vou responder absolutamente tudo que houver e, como não há nada, isso é uma coisa fácil. Não há nenhuma acusação formal contra mim'', completou o senador.


 


Renan Calheiros negou que o Senado viva uma crise por conta das denúncias de que ele teria despesas pessoais pagas com dinheiro de um dirigente da empreiteira Mendes Júnior.



''Não há crise na instituição. O Senado tem deliberado até mais do que a média, e vamos continuar deliberando'', garantiu.



A devolução do processo ao Conselho de Ética foi mais um capítulo do caso que se arrasta há mais de um mês. O envio do processo à Mesa havia sido feito na segunda-feira pelo presidente do conselho, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO).



''A Mesa decidiu pelo voto dos seus membros aquilo que já tínhamos decidido desde o dia 31, mandar para o Conselho de Ética. Só que eu mandei de maneira monocrática e a Mesa mandou agora de maneira democrática. A Mesa apenas referendou aquilo que eu havia feito no dia 31'', disse Renan.



Apesar de versões darem conta de que o reenvio do processo se configura como uma derrota do senador, ele considerou a devolução favorável.



''Não tenho acompanhado a tramitação, mas é bom que isso aconteça, porque é uma oportunidade para que a gente comprove tudo'', disse. O Conselho de Ética tem reunião marcada para o fim desta tarde.



O alvo é Lula


 


Ainda nesta terça-feira, a bancada do PT no Senado divulgou uma nota em que defende a continuidade das investigações. A grande imprensa rapidamente tratou de qualificar a nota como mais uma peça de ataque ao presidente do Senado. No entanto –mesmo levando em conta atitudes erráticas de senadores petistas como Aloízio Mercadante e Eduardo Suplicy, que se impressionam facilmente com a artilharia midiática e vacilam na defesa de Renan–, a leitura da nota do PT não dá margem para o tipo de interpretação que a imprensa conservadora divulgou.



A nota diz que ''os senadores expressam sua irrestrita confiança no prosseguimento das investigações no Conselho, observados o devido processo legal e as garantias constitucionais do contratidório e da ampla defesa''.



O texto afirma ainda que os parlamentares se empenharão para que o procedimento em curso seja concluído de forma rápida, ''nos estritos termos constitucionais, legais e regimentais, fazendo-se a necessária Justiça''. Pede que o Conselho se reúna o mais breve possível para dar continuidade à investigação.



Já a bancada do PDT decidiu, por unanimidade, pedir o afastamento temporário de Renan da presidência até que sejam concluídas as investigações. A movimentação do PDT soma-se ao movimento dos partidos de direita (PSDB e DEM) que viram no caso Renan uma oportunidade de fustigar e desgastar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.



PSDB e DEM alimentam ainda a esperança de disputarem a presidência do Senado no caso de uma eventual saída de Renan Calheiros da presidência da Casa.



A avaliação geral do caso Renan é a de que sua situação se torna a cada dia mais difícil. ''Está muito ruim'', admitiu, nesta terça, em uma conversa reservada, o senador José Sarney (PMDB-AP), que forma, com Renan, a principal dupla de apoio ao governo no Senado.


Da redação,
com agências