Exclusão da Venezuela do Mercosul só interessa aos EUA, diz deputado

O vice-presidente do Parlamento do Mercosul, deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), afirmou nesta quarta-feira (4) em Brasília que uma eventual exclusão da Venezuela do Mercosul interessaria aos Estados Unidos. Ele fez críticas tanto à postura de senado

“Provocada de forma irresponsável pela direita brasileira, a atual crise com a Venezuela foi superdimensionada por Chávez”, avalia Dr. Rosinha. “A não adesão da Venezuela ao Mercosul, além de prejudicar o processo de integração sul-americana, interessa aos Estados Unidos”.


 


Dr. Rosinha classifica como “desprovido de inteligência” o discurso de partidos como o PSDB e o DEM (ex-PFL). Senadores de ambos os partidos se manifestaram contra a entrada da Venezuela no Mercosul. “Até a Fiesp quer [a entrada do país vizinho no bloco]”, constata o vice-presidente do Parlamento do Mercosul.


 


O presidente venezuelano afirmou ontem (3) que seu país poderá retirar a solicitação de ingresso no Mercosul se, num período de três meses, o processo de adesão não for concluído. “Já se passou um ano desde nós firmamos o protocolo de adesão, e não existe nenhuma razão ideológica, política, econômica ou de outra índole que nos impeça de fazer parte do Mercosul”, afirmou Hugo Chávez.


 


O deputado explicou que o protocolo ainda não foi aprovado pelo Congresso brasileiro em razão de problemas de ordem burocrática.


 


O Ministério de Relações Exteriores enviou o protocolo ao Congresso apenas no último mês de março. Desde então, a matéria está parada. Motivo: o fato de a Comissão Parlamentar do Mercosul ter sido extinta pelo protocolo do Parlamento do Mercosul, criado em dezembro do ano passado.


 


“Estamos aguardando a aprovação, pelo Senado, de uma resolução que irá criar uma comissão para substituir a antiga Comissão do Mercosul”, afirma Dr. Rosinha. “Vou trabalhar para que o ingresso da Venezuela seja aprovado o mais rápido possível”.


 


“Ditador” que “mata”


 


A assessoria do deputado fez um levantamento a respeito da sessão do Senado realizada no último dia 30 de maio, quando foi aprovado o polêmico requerimento sobre a emissora RCTV, cuja concessão não foi renovada pelo governo venezuelano. O requerimento “apela” pela manutenção do funcionamento da rede privada.


 


A palavra “ditador” foi pronunciada nada menos que 14 vezes —relacionada ao presidente Hugo Chávez—, por diferentes senadores, durante a aprovação do requerimento.


 


“[Chávez] jogou a polícia na rua para matar estudante, prendeu juízes da Corte Suprema e se proclamou ditador absoluto da Venezuela”, discursou Gerson Camata (PMDB–ES). “Esse país [Venezuela] integrar o Mercosul é uma excrescência”, sentenciou Almeida Lima (PMDB-SE). “A democracia daquele país irmão, lamentavelmente, está sendo ultrajado por um populista ditador”, afirmou César Borges (PFL–BA).


 


O levantamento foi feito a partir das notas taquigráficas da sessão, publicadas pelo Diário do Senado em sua edição de 31 de maio.


 


“Muitos dos que tentam classificar Chávez como um ditador sustentaram o regime militar no Brasil”, rebate Dr. Rosinha. “E não têm moral para falar em liberdade de expressão, algo que jamais defenderam. Nenhum país sul-americano teve tantas eleições nos últimos anos quanto a Venezuela, e com observadores internacionais que atestaram sua legitimidade”.


 


Gestor do “valerioduto”


 


O autor do requerimento que motivou Chávez a classificar o Senado brasileiro como “papagaio dos EUA” é Eduardo Azeredo (PSDB-MG). “Nós fizemos um apelo pela democracia e a liberdade de imprensa, mas o presidente Chávez respondeu com agressões”, defende-se Azeredo em sua página na internet. “Ora, mas quem agrediu primeiro?”, questiona Dr. Rosinha.


 


Na sessão do dia 31 de maio, o senador tucano comparou a RCTV com a TV Globo. “O fechamento não se deu por motivo legal, mas por motivo político”, discursou Azeredo. “O que aconteceu na Venezuela foi uma decisão política de não renovar a concessão dessa televisão, que, para melhor entendimento, corresponde à TV Globo daqui, do ponto de vista de audiência, de tempo, de existência. Seria o mesmo que o governo atual fechar a TV Globo por motivo político”.


 


A declaração do gestor do “valerioduto” motivou o jornalista Luiz Carlos Azenha a publicar, em seu blog, o texto intitulado “Senadores aliados de Bush fazem qualquer coisa para aparecer na Globo”.


 


“Uma crise entre o Brasil e a Venezuela e a conseqüente implosão do Mercosul é tudo o que interessa à Casa Branca neste momento”, escreve Azenha. “Os americanos, como se sabe, sonham em detonar o Mercosul e reabilitar a Alça”.


 


Eduardo Azeredo convive com a perspectiva iminente de se tornar réu em mais uma ação no STF. O tucano será denunciado no Supremo pelo procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza.


 


Investigações da Polícia Federal já confirmaram que, em 1998, na disputa pelo governo de Minas, a campanha de Azeredo recebeu pelo menos R$ 11 milhões de repasses ilegais. Parte das verbas teve origem em órgãos públicos do governo mineiro.


 


“Azeredo, como se sabe, é um dos inventores do mensalão, mas neste caso ele serve porque faz o jogo que a mídia golpista quer”, conclui Luiz Carlos Azenha.


 


Relações comerciais e PIB


 



Entre janeiro e maio deste ano, as exportações do Brasil para a Venezuela cresceram 31% em relação ao mesmo período de 2006. No ano passado, as empresas nacionais venderam US$ 3,6 bilhões aos venezuelanos —60% a mais do que em 2005.


 


Desse total, mais de US$ 3,2 bilhões correspondem a produtos industrializados. O superávit do Brasil com a Venezuela totalizou US$ 2,97 bilhões em 2006.


 


Após o ingresso definitivo da Venezuela, o PIB do Mercosul ultrapassará a marca de US$ 1 trilhão. Saltará de 54% para 76% da economia da América Latina. Rica em reservas de petróleo e gás natural, a Venezuela, com 26 milhões de habitantes, tem um PIB equivalente a US$ 162 bilhões.


 


As informações são da assessoria do deputado Dr. Rosinha



Fonte: www.pt.org.br