Pequim decidida a maravilhar nas Olimpíadas
A capital chinesa prepara-se 24 horas por dia, com ímpeto, entusiasmo e minúcia, para a Olimpíada de Pequim 2008. Toda a imensa cidade de 3 mil anos embeleza-se como uma adolescente. Nada menos que 10 mil gruas estão em uso nas obras par
Publicado 12/07/2007 14:34
O sentimento de orgulho pela escolha de Pequim como sede dos Jogos Olímpicos é evidente e se manifesta desde os dirigentes do partido e do Estado até o homem da rua. Porém ainda maior é o empenho em maravilhar o mundo com um espetáculo sem precedentes. É possível que isto tenha a ver com o fato de que a República Popular da China permaneceu mais de duas décadas fora da Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto seu lugar era ocupado pelo governo de Taiwan. A injustiça só foi corrigida em 1971. A escolha da cidade-sede da Olimpíada de certa forma coroa esse processo de reconhecimento tardio, ao fazer de Pequim o centro das atenções de bilhões de seres humanos, num espetáculo esportivo que só tem concorrente na Copa do Mundo de futebol. Os chineses, e muito em especial os pequineses, estão dispostos a não deixar passar a oportunidade. 10 mil gruas em ação As 10 mil gruas trabalham em dezenas de obras. Algumas estão diretamente ligadas ao grande evento, como o estádio central, em formato de ninho. Mas há muitas outras que renovam a infraestrutura urbanística da cidade, para acolher e fascinar os turistas. O Metrô da cidade, por exemplo, está sendo remodelado para permitir que durante os jogos os trens partam com intervalos de 3 minutos. O evento só acontece em agosto (entre os dias 8 e 24), mas os chineses fazem questão de deixar tudo pronto ainda este ano. A delegação de dez comunistas brasileiros visitou nesta quinta-feira (12) o Museu da Planificação Urbana de Pequim, que também se engalanou para os Jogos Olímpicos. Os visitantes podem passear por sobre uma gigantesca maquete da cidade, com 110 metros quadrados, que reproduz, com chinesa minúcia, tanto os monumentos tradicionais de Pequim, a começar pela Cidade Proibida, como nos novos monumentod dos Jogos de 2008. A cidade já varreu a poluição visual que a enfeiava com publicidade invasiva, e mantém um padrão de limpeza que impressionou os membros da delegação. Na TV, as inserções das Olimpíadas valorizam a idéia de que o mundo é um só, articulada com mensagens em defesa da paz e do meio ambiente. Em uma delas, um atirador sem rosto dispara uma bala contra um elefante africano. A câmera, lentíssima, mostra o trajeto do projétil. Um atleta percebe, corre, dá um salto prodigioso e afasta a bala. Fantasioso, mas dá o recado com rara eficácia. Cuidados para prevenir apagão aéreo O Diário do Povo desta quinta-feira trazia em sua capa também os preparativos para prevenir o risco de apagão aéreo durante a Olimpíada. O aeroporto internacional de Pequim recebe hoje 1.050 vôos diários. Durante os jogos, a média deve subir para 1.700. E nos dias de pico — os três imediatamente antes e os três logo após o evento — o número deve ultrapassar 1.900 vôos-dia. Para enfrentar esse movimento extraordinário, a cidade está construindo uma nova ala do aeroporto internacional. E o jornal informa que foi adotado um código de cores para acompanhar o tráfego aéreo. As cores são verde (normal), azul, amarelo, laranja e vermelho (previsto apenas para o caso de atentado terrorista). Cada cor implica em um plano específico de funcionamento. Tudo precisa funcionar como um relógio — é a firme determinação dos chineses. De Pequim, Bernardo Joffily