CMS realiza ato contra assassinatos de indígenas no MS

Para sensibilizar a opinião pública pelas mortes de indígenas no Mato Grosso do Sul, a Coordenação dos Movimentos Sociais do estado realizará neste sábado, dia 14, um ato no Calçadão da Rua Barão do Rio Branco, no centro de Campo Grande, a partir das 9 ho

Na avaliação feita pelos movimentos, a mudança da base econômica do estado, com o aumento da área de plantio de cana-de-açúcar e a maior ofensiva do agronegócio em Mato Grosso do Sul, tende a aumentar a criminalidade contra os que lutam por direitos humanos na região, caso o poder público não intervenha.


 


 


Mais um assassinato
  
Ortiz Lopes, 46 anos, Kaiowá Guarani da terra indígena Kurusu Ambá em Coronel Sapucaia (MS), é a mais recente vítima do conflito no campo. Um genocídio silencioso que vem atingindo as comunidades indígenas do Mato Grosso do Sul. No último dia 08, domingo, Ortiz Lopes foi morto com cinco tiros na porta de casa. O assassino e os mandantes até o momento não foram identificados.
  


 


O crime acontece pouco mais de seis meses depois do assassinato da rezadeira Xurete Lopes, 70 anos, da mesma comunidade. Ela foi morta a tiros por milícia armada na área onde está localizada a fazenda Madama. Somados, foram 21 guaranis mortos este ano em Mato Grosso do Sul, muitos deles por motivos relacionados diretamente à luta pela terra.


 


 


Ortiz Lopes participou em fevereiro de uma comissão de entidades de direitos humanos que protocolou junto ao Governo Estadual, pelo secretário de Segurança, Wantuir Jacini, e de Assistência Social, Tânia Garib, solicitação de segurança para a área, já prevendo que a violência contra os indígenas continuaria. Em matéria veiculada pelo jornal Correio do Estado, do dia 09de julho, ficou registrado que “em relação ao problema da violência nas aldeias, a Sejusp assumiu o compromisso de colocar policiais civis e militares nesses locais, em trabalho de colaboração com a Polícia Federal”.



 


 


Ameaças em Rio Brilhante


No dia 9, os 122 participantes do Seminário “Impactos Sociais Ambientais e Econômicos da Expansão nas Usinas de Cana-de-Açúcar”, realizado em Rio Brilhante, fizeram uma nota à opinião pública. O documento afirma que “em janeiro deste ano, Ortiz participou da retomada da fazenda Madama, onde a anciã Kuretê Lopes, 70 anos, foi assassinada a tiros por um grupo de pistoleiros armados. De lá pra cá, Ortiz havia sobrevivido a um atentado e vinha sofrendo várias ameaças de morte. Segundo as testemunhas o assassinato foi cometido em frente à casa da vítima”. 
  


 


“Negamos este modelo, porque a partir de nossas vivências cotidianas sabemos que ele tem sido o principal responsável pela escravidão de trabalhadores rurais, pelas mortes de rios, florestas e fauna e o pelos assassinatos de Kuretê, Ortiz, Marçal, Dorvalino, Verón e tantos outros indígenas que reivindicaram a vida na terra. Ortiz morreu lutando, porque não queria ver seus parentes trabalhando como escravos nas usinas de álcool – o que acontece com a maioria dos homens adultos do povo Guarani Kaiowá”.


 


 


OAB


Na última quinta-feira, dia 12, a Comissão Especial de Assuntos Indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil/MS, se reuniu em caráter extraordinário, na sede da entidade, para tratar do fato que culminou com na morte de Ortiz Lopes.
  


 


A reunião, convocada pelo vice-presidente Marcus Antonio Ruiz, analisou a situação, deliberando por uma visita ao local no próximo dia 17, terça-feira. O objetivo é constatar in loco a situação na qual vivem as 100 pessoas acampadas em Kurusu Ambá, próximo à fronteira com o Paraguai.


 


 


De acordo com a comissão, em princípio, pelas informações até agora coletadas, está descartada a possibilidade de crime comum, por evidências da falta de solução da demarcação das terras indígenas. Esta que é a primeira Comissão de Assuntos Indígenas da OAB em todo o Brasil pretende instaurar procedimento formal para acompanhar o caso passo a passo.      
  



 


 


De Campo Grande,
Alexandre Eneas Altran