Correntes Classistas da AL fazem reunião em Quito

O coordenador nacional da CSC, João Batista Lemos, viajou nesta semana para Quito, capital do Equador, para participar do congresso da Confederação dos Trabalhadores Equatorianos (CTE) e da reunião das Correntes Sindicais Classistas Revolucionárias da Amé

Fortalecer a perspectiva classista na luta contra o imperialismo e o neoliberalismo



 


por João Batista Lemos


 


Camaradas!


 


Agradeço, em nome da Corrente Sindical Classista do Brasil, o convite que me foi feito para participar do congresso da Confederação dos Trabalhadores Equatorianos (CTE) e quero dizer que nos sentimos honrados em poder participar deste importante evento do sindicalismo classista.


 


Penso que vivemos, hoje, um momento de grandes lutas e desafios para a classe trabalhadora e o sindicalismo classista em toda a América Latina. Se, de um lado, persiste na região a forte ofensiva do capital financeiro e das potências imperialistas contra os direitos sociais e os interesses nacionais, desencadeada em nome de uma obscura “globalização”, de outro ângulo podemos observar a crescente resistência e ativa oposição das massas trabalhadoras às políticas neoliberais impostas pelas classes dominantes.


 


A reação popular vem se desdobrando em vitórias eleitorais significativas de partidos e forças progressistas. Cabe destacar os êxitos políticos obtidos pelo presidente Hugo Chá vez na Venezuela. Ali ocorre uma experiência revolucionária, que tem caráter ao mesmo tempo antiimperialista e anti-capitalista; que se propõe o corajoso e ousado objetivo de construir o “socialismo do século 21”; que conta com amplo apoio popular, mas também enfrenta a poderosa e rancorosa reação da grande burguesia em todo o mundo, regida pelo imperialismo americano. No Equador, igualmente, o povo conquistou uma grande vitória com a eleição de Rafael Correa, um líder disposto a enfrentar o imperialismo, renegociando soberanamente a dívida externa, e abrir caminho às transformações sociais profundas reclamadas pelos trabalhadores.


 


Os fatos políticos em desenvolvimento na América Latina evidenciam que o sistema imperialista hegemonizado pelos EUA é o grande inimigo dos povos. Nossa tarefa número um é combatê-lo, nosso desafio estratégico é derrotá-lo. E será através desta luta que conseguiremos abrir caminho a um futuro de justiça social, emancipação da classe trabalhadora, superação do capitalismo e construção de uma nova experiência socialista neste século 21.


 


O inimigo é grande e poderoso, mas não é imbatível e já se vê que tem os pés de barro. O poderio econômico dos EUA declina frente às potências rivais da Europa e da Ásia; a ordem monetária fundada na supremacia do dólar está em decomposição, com o país precisando captar mais de US$ 3 bilhões no exterior diariamente para impedir o colapso da moeda, numa prova de escandaloso parasitismo.


 


A autoridade política do império também definha. A estratégia imperialista do governo Bush para o Oriente Médio, em especial as guerras criminosas contra o Iraque e o Afeganistão, repudiadas inclusive pelo povo norte-americano, estão a caminho de uma retumbante derrota, o que de resto nos revela os limites da superioridade militar do império.


 


Na América Latina ganha corpo a rebeldia contra o domínio neocolonial de Washington; o projeto de uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca) naufragou; o Mercosul está se fortalecendo; foi instituída a ALBA, uma iniciativa mais ousada de integração solidária; o comércio Sul-Sul está em expansão, reduzindo a dependência dos mercados estadunidense e europeu, blindados pelo protecionismo.


 


A vertiginosa ascensão da China à condição de potência econômica, nos marcos do desenvolvimento desigual das nações, cria um contraponto importante e progressista ao unilateralismo da Casa Branca, fortalecido pela recomposição da Rússia. Tudo isto configura uma nova realidade geopolítica no mundo e em particular na América Latina, uma mudança que parecia inimaginável há apenas 10 anos.


 


Camaradas!


 


Não devemos nos surpreender com as derrotas que o neoliberalismo vem amargando. Afinal, as receitas neoliberais, impostas aos países latino-americanos sob a supervisão do moribundo Fundo Monetário Internacional, agravaram sobremaneira o processo de espoliação imperialista das economias nacionais, ampliando a desnacionalização, a dependência e a vulnerabilidade externa, viabilizando o pagamento da dívida à custa de uma dramática redução do ritmo de crescimento da renda per capita.


 


De acordo com estatísticas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), entre 1980 e 2000 o PIB per capita estagnou na América Latina e só ao longo dos últimos anos voltou a crescer, refletindo a mudança do ambiente político e econômico. As nações da região perderam terreno e ficaram para trás em comparação com os países pobres e de renda média da Ásia, que em sua maioria rejeitaram o neoliberalismo.


 


Quem mais tem sofrido os efeitos do retrocesso social é a classe trabalhadora, já que as taxas de desemprego foram elevadas a um novo patamar histórico; a participação dos salários nos PIBs declinou; conquistas e direitos arrancados ao longo de uma luta secular têm sido abolidos ou flexibilizados e as relações entre capital e trabalho estão a cada dia mais precarizadas.


 


Ao lado das políticas neoliberais, fatores associados ao desenvolvimento objetivo do capitalismo, como a introdução de novos tecnologias e métodos gerenciais, configurando a chamada reestruturação produtiva, também contribuíram para alterar a realidade da classe trabalhadora, mudando seu perfil, aumentando o grau de exploração, influenciando inclusive a subjetividade operária. Faz-se necessário intensificar a luta ideológica para reafirmar a centralidade do trabalho nas batalhas políticas para a transformação social e o desenvolvimento econômico soberano das nações latino-americanas.


 


A repulsa dos povos às políticas neoliberais é patente e não é difícil concluir que as derrotas eleitorais impostas às forças da direita, representantes do capital financeiro, ecoam o clamor das ruas por novos rumos. Porém, em muitos lugares, como é o caso do Brasil, ainda não está muito claro o caminho a seguir, o conservadorismo é poderoso e as pressões e ameaças de novos retrocessos vêm sendo intensificadas.


 


É neste contexto que emerge a necessidade de uma intervenção mais firme e ousada do sindicalismo classista.


 


Reconhecemos no Brasil a prioridade da luta pelo desenvolvimento econômico, mas estamos imbuídos de uma concepção classista do desenvolvimento nacional. Entendemos que a valorização da força de trabalho – com redução das jornadas, recuperação e aumento dos salários reais, reforma agrária, pleno emprego e preservação e ampliação dos direitos sociais – deve ser a fonte do crescimento econômico através do fortalecimento dos mercados internos.  Defendemos desenvolvimento com soberania, respeito ao meio ambiente e integração econômica e política solidária dos povos, o que não é possível no âmbito do sistema capitalista-imperialista. Por esta razão, não podemos perder de vista a perspectiva socialista.


 


É indispensável travar uma firme batalha política e ideológica contra o sindicalismo social-democrata e as concepções que pregam a conciliação de classes (ofuscando a perspectiva antiimperialista e anticapitalista da nossa luta), hegemônicas na Confederação Sindical Internacional (CSI), que resultou da recente fusão entre CIOSL e CMT.


 


Em contrapartida, é preciso ampliar os esforços visando a reorganização e o fortalecimento da Federação Sindical Mundial (FSM), cabendo neste sentido chamar a atenção para a importância das iniciativas de União Internacional dos Sindicatos por ramos como as que devem reunir lideranças operárias do setor energético em setembro deste ano, no México, e dos transportes, em novembro, no Brasil.


 


Devemos conferir atenção, urgência e prioridade à proposta de instalação de um Fórum Sindical das Américas, agregando organizações sindicais e movimentos sociais e construindo um espaço sindical capaz de reunir o mais amplo leque de forças que atuam no movimento sindical latino-americano, independentemente da filiação às centrais, locais ou internacional. É imperativo realizar um encontro amplo de sindicalistas, se possível ainda no curso deste ano, para realizar este objetivo.


 


Camaradas!


 


Devemos procurar consolidar a união entre as Correntes Sindicais Classistas do hemisfério e avançar na direção de lutas e reivindicações conjuntas, por exemplo, no âmbito do Mercosul, tendo em conta os interesses imediatos e futuros da classe trabalhadora. Lembremos que em 2007 comemoram-se os 90 anos da gloriosa revolução soviética, comandada por Lênin, que devemos homenagear reavivando a luta estratégica pelo socialismo.


 


No exercício cotidiano da solidariedade classista e do internacionalismo proletário cabe destacar sempre o apoio à resistência heróica da revolução cubana, ancorada na unidade do povo e firmeza ideológica dos seus dirigentes. O imperialismo recorre à guerra para contornar a crise, o capitalismo caminha para a barbárie. A humanidade não terá futuro fora do socialismo.


 


Viva o socialismo do século 21!


 


Total solidariedade a Cuba e à revolução bolivariana da Venezuela!


 


Abaixo o imperialismo e o unilateralismo estadunidense!