Fenametro repudia Serra na Semana de Tecnologia da Aeamesp
Na sexta feira (31), o presidente da Fenametro-CUT (Federação Nacional dos Metroviários), Wagner Fajardo, participou da solenidade de encerramento da 13º Semana de Tecnologia Metroferroviária, promovida pela Aeamesp (Associação dos Engenheiros e Arquiteto
Publicado 03/09/2007 18:05
Veja baixo a íntegra do discurso de Fajardo.
“Senhoras e senhores, Companheiros e companheiras
Esta Semana de Tecnologia acontece num dos momentos mais difíceis vividos pela categoria metroviária em São Paulo nos 26 anos de sua organização. Num momento de práticas políticas conservadoras e autoritárias em nosso estado e cidade e num momento de muita contradição em nosso País.
No dia de ontem, algumas pessoas puderam assistir uma apresentação de um operário eletromecânico de manutenção da área de Via Permanente, o companheiro José Soares da Silva, que demonstrava sua experiência prática na utilização de dormentes de plástico reciclado. Felizmente, graças a uma liminar da Justiça do Trabalho, Soares falou ontem como funcionário da Cia. do Metrô, pois ele havia sido demitido pela empresa por ter participado da greve dos dias 2 e 3 deste mês e ser diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e uma das lideranças do movimento. Junto com ele foram demitidos mais 60 metroviários e metroviárias exemplares que prestam serviços há anos para a empresa, sob a falsa acusação de baixo desempenho profissional.
A execração pública a que foram submetidos os metroviários que lutavam contra uma proposta que consideram injusta e discriminatória, manchou como nunca, a auto-estima destes trabalhadores que, segundo pesquisas com a população, prestam o melhor serviço público em nossa cidade. As ameaças, demissões que se sucederam à greve só piorou ainda mais o quadro de desesperança em todos os setores e áreas da empresa.
Infelizmente esta situação não se restringe ao Metrô. As cenas de violência contra a manifestação dos trabalhadores da Cosipa, a invasão da tropa de choque num dos símbolos da luta democrática em nosso país, a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, e a violência contra os ambulantes esta semana no Brás, demonstram que a truculência contra os metroviários não é uma atitude isolada, mas reflexo de uma linha política autoritária, conservadora e violenta que vai se consolidando em nosso estado e na nossa cidade.
Já no âmbito nacional, mesmo com a promessa de investimentos nos metrôs e trens urbanos através do PAC, estes investimentos ainda são condicionados à determinadas lógicas que podem conduzir a precarização dos serviços, como ocorreu com os sistemas de trens urbanos em Fortaleza e Salvador, além de se resumirem a conclusão de obras iniciadas. Nenhum novo investimento num setor tão essencial ao desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida nas grandes metrópoles foi anunciado até agora. Onde isto está acontecendo, como no caso da Linha 4 aqui em São Paulo, trabalha-se com a lógica da entrega destes serviços à iniciativa privada, onde o lucro do “empreendedor” se sobrepõe aos interesses dos usuários dos serviços. A exemplo do que foi denunciado hoje pelo Sindicato dos Ferroviários como um dos motivos do gravíssimo acidente na Supervias em Nova Iguacu, Rio de Janeiro, ou ainda o trágico acidente na Estação Pinheiros que, até agora, nem os responsáveis foram identificados.
Além disso, não faltam vozes, dentro e fora do governo federal que, contrariando a lógica que elegeu o presidente da República, propondo mais privatização, como na concessão das rodovias, e redução dos direitos dos trabalhadores. Felizmente, em nível federal, não acontece como em São Paulo onde a resistência é minoritária no parlamento e não tem qualquer influência no governo, ainda tem vozes que defendem o necessário fortalecimento das políticas e investimentos públicos que privilegiem o interesse da maioria absoluta da nação.
Mas como nem tudo é desesperança, pudemos assistir nesta Semana de Tecnologia a vitalidade e a vontade do corpo técnico do Metrô, em buscar desenvolvimento do transporte público, da expansão do sistema e a preocupação com a integração e o meio ambiente. No entanto, as poucas vozes dissonantes, inclusive a minha, não tiraram o brilho das importantes contribuições dos profissionais que fizeram e ainda fazem o Metrô de São Paulo ser um dos melhores do mundo, o melhor serviço prestado em São Paulo e com seus funcionários preocupados principalmente com o atendimento à população, e para desolação dos privatistas, mesmo sendo público e estatal.
Parabéns metroviários e metroviárias! Parabéns presidente da Aeamesp, Manoel!
Parabéns à diretoria da Aeamesp!”