Sem categoria

TV Digital: Hélio Costa diz que Uruguai não faz diferença

O ministro das Comunicações, Hélio Costa –conhecido como o “homem da Globo” dentro do governo– voltou a destilar seu preconceito contra países vizinhos. Em declarações sobre políticas de comunicação na América do Sul, Costa já havia esculachado a V

A decisão do Uruguai de adotar o modelo de televisão digital europeu (DVB) não atrapalha os planos de Brasil de divulgar o sistema brasileiro – desenvolvido com tecnologia japonesa – pela América do Sul. A avaliação é do ministro das Comunicações, Hélio Costa, que diz que o país vizinho só tem a perder com o modelo europeu.


 


Mesmo os veículos das organizações Globo sendo tão anti-Lula quanto o resto da grande mídia, Costa é conhecido como o “homem da Globo” dentro do governo e comenta-se que a opção do Brasil pelo sistema japonês foi uma imposição da emissora da família Marinho.


 


Destilando preconceito


 


Para defender a opção pelo modelo japonês, Costa não mede palavras, ainda que sejam pouco diplomáticas.


 


“É mais ou menos como se uma pequena cidade do interior de São Paulo decidisse fazer uma experiência com algum outro projeto”, disse Costa sobre a opção uruguaia pelo modelo japonês. “O nosso projeto é tão grande, tão abrangente e tão completo que não faz muita diferença”, completou.


 


Questionado sobre a possibilidade de a Argentina e o Chile também aderirem a um modelo de televisão digital diferente do desenvolvido pelo Brasil, o ministro disse que não teme um isolamento. “Nós temos a maior população da América do Sul”, comentou.


 


No mês passado, o presidente da Philips do Brasil, Paulo Zottolo (um dos arautos do Cansei), causou polêmica ao menosprezar a importância do Piauí. “Não se pode pensar que o país é um Piauí, no sentido de que tanto faz quanto tanto fez; se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado” disse Zottolo em entrevista ao jornal Valor Econômico.


 


Não é a primeira vez que o ministro Hélio Costa destila seu preconceito contra os parceiros do Brasil na América do Sul. Recentemente, comprou uma briga diplomática com o governo venezuelano. Ao ser questionado sobre sua proposta de criara a “TV do Executivo” ao invés de apoiar um projeto de Tv pública mais amplo, Costa atacou: “TV estatal é o que o Chávez faz, é o que se faz em Cuba”. Disse ainda que a televisão venezuelana “não é ruim, é péssima. Para rir, tem grande utilidade. É melhor do que o Chaves mexicano”, referindo-se ao famoso programa humorístico. Diante da reação do embaixador da Venezuela, Julio García Montoya, que pediu respeito ao país-irmão, ele esbanjou arrogância. Sugeriu ao embaixador “dobrar a língua antes de se referir a uma pessoa que, além de ministro, é senador da República, eleito com 3,5 milhões de votos”.


 



Num comunicado ao Itamaraty, Montoya ironizou as grosserias. Além de criticar a manipulação da mídia privada – “um instrumento da lógica conspirativa mundial contra o processo revolucionário venezuelano” –, ele alfinetou: “Não tem sentido esclarecer o papel da televisão privada, pois como o ministro Costa foi empregado da TV Globo ele conhece bem”. Rejeitando o seu “desatino diplomático e óbvia ignorância”, também relatou as iniciativas do governo bolivariano para democratizar os meios de comunicação. Citou “a explosão de canais públicos e comunitários a partir de 1999”, controlados por “grêmios, associações e ONGS, que se sustentam através de equipes comunitárias de produção áudio-visual independente”.


 



Modelo europeu


 



O Uruguai anunciou no final de agosto a escolha pelo padrão de televisão digital europeu. Um decreto do presidente, Tabaré Vazquez, do dia 28 determina ao Ministério da Indústria, Energia e Mineração e ao orgão regulador do setor no país que definam um cronograma e marcos técnicos para a implantação do sistema. O país é o primeiro a adotar o modelo europeu na América Latina.


 


De acordo com informações da página na internet da Presidência da República do Uruguai, a opção pelo DVB se deu pela possibilidade de desenvolvimento de vários conteúdos – o que contribuiria para a diversidade cultural –, novos serviços e empreendimentos tecnológicos, além da criação de empregos e inclusão social.


 


Outro ponto que o governo uruguaio destaca é a possibilidade de economizar com os custos dos equipamentos: “A norma [DVB] permite o uso de decodificadores para serviços interativos e não requer aparelhos de televisão sofisticados, permitindo reduzir a exclusão digital”.


 


Da redação,
com agências