Acordo pode por fim a greve dos correios

10 deputados se reuniram com o ministro das telecomunicações Hélio Costa, para intermediara a questão que está provocando transtornos em todo o país.


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A greve nos Correios, iniciada no último dia 13, atingindo cerca de 80% da categoria em todo o país, pode terminar hoje.


Dezenove deputados compõem a frente parlamentar pelo fim da paralisação e exigiram do ministro das Telecomunicações, Hélio Costa, intermediar um acordo com o comando de greve, obtendo garantias de consenso.


A deputada Perpétua Almeida solicitou que sejam mantidos os avanços conquistados pelo comando de greve e exigiu garantia de não haver descontos dos dias parados.


O grupo de parlamentares encaminhou a seguinte proposta em nome dos grevistas:  vale transporte, passando dos atuais R$ 400 para R$ 420; auxílio para filhos excepcionais, de R$ 470 para R$ 500; abono de R$ 500 imediatamente e R$ 60 incorporado em janeiro; cesta-alimentação, de R$ 90 para 100; e inclusão dos pais de novos funcionários no plano de saúde e auxílio-creche para crianças até 7 anos de idade.


Hélio Costa aceitou a proposta e o presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio, também não se contrapôs. Imediatamente após a audiência a frente parlamentar encaminhou as sugestões ao comando de greve que considerou suficiente para pôr fim à greve.
Durante o encontro, os representantes da Frente Parlamentar discutiram a política de reestruturação implementada na empresa.


Os parlamentares destacaram a necessidade da abertura de um canal permanente de diálogo com o Congresso Nacional e com os trabalhadores.


Durante audiência de conciliação realizada em Brasília, no final da tarde, o Tribunal Superior do Trabalho pediu que as duas partes tentem entrar em acordo até as 14 horas desta quinta-feira.


Os deputados se consideraram satisfeitos com o possível desfecho da greve já nesta quinta-feira e esperam que a partir de agora, efetivamente, a direção da ECT se predisponha a debater o fortalecimento da instituição, assim como a valorização dos funcionários dos Correios.


Além de Perpétua Almeida, participaram da reunião os deputados Nelson Pelegrino (PT-BA), Jô Moraes (PC do B-MG), Chico Lopes (PC do B-CE), Geraldo Magella (PT-DF), Vicentinho (PT-SP), Jackson Barreto (PMDB-SE), Carlos Santana (PT-RJ), Paulo Rocha (PT-PA) e Viginatti (PT-SC). (Free lance)


Mais de 30 mil cartas estão encalhadas no Acre


A greve dos servidores dos Correios completa hoje uma semana no Acre com uma mudança radical na logística de armazenamento e entrega de cartas. Os sistemas de Sedex e encomendas simples estão normais, mas no setor de entrega de cartas há um acúmulo diário de 30 mil correspondências, de acordo com a direção da estatal no Acre.


A greve levou a direção estadual a contratar provisoriamente 40 pessoas, cuja tarefa é entregar cartas e encomendas nos prazos. A inexperiência e o replanejamento necessário para viabilizar as entregas, no entanto, acabaram acumulando cartas e criando uma espécie de “demanda reprimida” na entrega.


“Estamos recomendando aos clientes que esperam faturas e contratos com prazos de vencimento a procurarem a sua financeira para esticar prazos e não ter maiores problemas. Mesmo assim estamos trabalhando. No centro da cidade tivemos alguma dificuldade, mas em outras partes já normalizou-se”, garante João Furtado d’Ávila, diretor dos Correios no Acre.


A deficiência na entrega tende a se corrigir, mesmo com a greve. É que, de acordo com João d’Ávila, a entrega diária chega a 70 mil pacotes – quase duas vezes o total da “demanda reprimida”. Com isso, à medida em que os funcionários temporários forem adquirindo experiência, o trânsito de cartas e encomendas tende a se normalizar.


A direção dos Correios aguarda o resultado de uma reunião de conciliação entre o comando nacional de greve e a diretoria dos Correios, arbitrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


A reunião foi realizada ontem, quando o vice-presidente do tribunal, ministro Milton de Moura França, resolveu esperar até amanhã, às 14 horas, a defesa da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e similares (Fentect). A defesa inclui o dissídio coletivo suscitado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).


Servidores querem 47% e empresa dá 3,54%


A batalha entre carteiros e Correios remonta a perdas salariais acumuladas desde 1994, primeiro ano do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso e início do Plano Real. Como a categoria não tem reajuste desde então época, o poder de compra passou a ser corroído pela inflação. Em 2006, a pressão sobre os salários tornou-se maior e veio a greve.


“A nossa paralisação no Acre tem mais um aspecto de solidariedade, porque o problema atinge nacionalmente a todos os servidores. Estamos paralisados em frente ao prédio, inclusive hoje, quando estaremos panfletando e com faixas e cartazes para explicar ao usuário dos Correios o que realmente está acontecendo”, resume Suzy Cristine da Costa, representante sindical no Acre.


Segundo Cristine, o rombo aberto pela inflação consumiu 47,77% dos salários. Mesmo assim, a direção dos Correios ofereceu 3,54%. A categoria rejeitou, realizou uma assembléia para avaliar os rumos da greve e decidiu: a paralisação vai continuar até a decisão final do TST.


A representação sindical nega a hipótese de atraso nas cartas em Rio Branco. “Mais de 50% dos servidores estão trabalhando, aproximadamente de 60%. Em Rio Branco, por exemplo, somos 200 funcionários e apenas 75 estão em greve. No interior quase não houve adesão”, explica a sindicalista. (Josafá Batista)