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Eleições cubanas: ao votar, Fidel provoca Bush

O presidente cubano, Fidel Castro, afastado de suas funções desde julho de 2006, votou hoje (21) no seu lugar de convalescença, que é secreto, nas eleições que são a primeira etapa das eleições gerais que devem definir os cargos principais do governo n

“Bush está obcecado com Cuba. Ontem recebemos notícias de que um porta-voz da Casa Branca anunciou que o presidente norte-americano apresentará novas iniciativas para o 'período de transição já iniciado'. Mais tarde, outro porta-voz do Departamento de Estado ratificou o anúncio, repetindo o tom impositivo e ameaçador de Bush”, afirmou Fidel.



As declarações do presidente cubano foram divulgadas por Magaly García, presidente do colégio eleitoral no qual ele está inscrito.



O mandatário, de quem hoje não se publicaram imagens, também fustigou as “intenções de Bush”, atrás das quais “viriam os pelotões de fuzilamento da máfia cubano-americana com permissão para matar todo aquele que pareça ser um militante do Partido, da Juventude ou de organizações das massas”.



“Nunca nos intimidaram suas ameaças de atacar preventiva e repentinamente em 60 ou mais cantos do mundo. Pude apreciar seus frutos em um único país: o Iraque”, destacou.



Na sua mensagem pediu diretamente a Bush para que “não ataque outros” e “não ameace a humanidade com uma guerra nuclear. Os povos se defenderão e nessa fogueira morreriam todos”.



Protesto contra o bloqueio



Os dirigentes do país votaram no começo da manhã, incluindo o presidente interino, o general Raúl Castro, que depositou seu voto em um colégio do bairro Praça da Revolução, sem fazer declarações públicas.



O presidente do Parlamento cubano, Ricardo Alarcón, também condenou hoje a política de Washington, assegurou que Cuba não deu importância ao anúncio de Bush e previu que os Estados Unidos ficarão em evidência na votação nas Nações Unidas da proposta da ilha contra o bloqueio, prevista para 30 de outubro.



“Acabarão os planos, as maquinações, as tentativas de render nosso povo pela fome e pelas doenças”, afirmou o chanceler Felipe Pérez Roque.



Além das declarações dos altos cargos, as críticas contra os EUA foram uma constante durante o dia na imprensa oficial, como na televisão local, que incluiu em seu programa especial sobre as eleições depoimentos e vídeos para denunciar os efeitos do bloqueio e da política de Bush.



Recuperação de Fidel


 


Grande expectativa criou na manhã deste domingo o método que usaria Fidel para votar nas eleições consideradas muito importantes pelas autoridades cubanas, porque, segundo esperam, refletem o apoio ao sistema político em vigor no país.



Ontem, no seu mais recente comentário com o título genérico de “Reflexões”, Fidel comentou que “nossas eleições são a antítese das dos Estados Unidos” e mencionou que enquanto no seu país “exercitamos os músculos vigorosos de nossa consciência, nos Estados Unidos há fraudes, tramóias, discriminação étnica e até violência”.



Fidel adoeceu em fins de julho de 2006 e no dia 31 desse mesmo mês delegou funções para o seu irmão Raúl Castro, primeiro vice-presidente.



Outra expectativa que ficará em aberto até então, é se o presidente continuará em seus cargos, dadas as suas condições de saúde. Dirigentes cubanos, como o ministro da Cultura, Abel Prieto, adiantaram que o povo reelegerá o presidente.



Fidel Castro, de 81 anos, foi submetido a várias cirurgias desde julho de 2006 e atravessou períodos muito incertos em relação à sua saúde, segundo testemunhos do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que o visitou sete vezes na sua convalescença.



Durante as eleições de hoje, o vice-presidente Carlos Lage, ao falar com a imprensa depois de votar, disse que Fidel está “muito bem, trabalhando e se dedicado a uma tarefa fundamental de conscientização sobre os problemas-chave do mundo”.



Desde março passado, o mandatário publicou mais de 50 artigos sob o título de “Reflexões”, nas quais tratou principalmente de assuntos mundiais.



Durante a sua convalescença, também apareceu em duas entrevistas gravadas e há uma semana manteve um diálogo telefônico ao vivo (de mais de uma hora) com Chávez, durante a transmissão do programa “Alô Presidente” na cidade cubana de Santa Clara, no monumento que guarda os restos do guerrilheiro argentino-cubano Ernesto Che Guevara.



Eleições amplas e participativas


 


A votação de hoje é a primeira etapa das eleições gerais no país, que se concluirão em princípios de 2008, em data ainda não anunciada, quando se elegerão as assembléias provinciais do sistema do Poder Popular, a Assembléia Nacional (Parlamento) e os presidentes dos Conselhos de Estado e de Ministros.



8,3 milhões de eleitores foram convocados para renovar os órgãos municipais de Governo. Os 15.236 conselheiros municipais que serão eleitos neste domingo por voto direto escolherão nos próximos meses 50 por cento do Parlamento. A outra metade será indicada por organizações populares.


Os mais de 37 mil candidatos aos Governos municipais foram escolhidos em votações por aclamação nos Comitês de Defesa da Revolução, órgãos  criados em 1960 para promover a defesa do sistema socialista.



As autoridades esperam hoje uma participação superior a 90%, similar à registrada nas convocações eleitorais realizadas na ilha desde 1976.


Da redação,
com agências