Governo quer montar rede com emissoras estaduais em seis meses
O governo federal espera que a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), criada em outubro por medida provisória para operar a TV pública, prevista para começar a transmitir em dezembro, encabece em seis meses uma rede de pelo menos 15 emissoras pertencentes a
Publicado 30/10/2007 19:14
Segundo o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, já há conversas adiantadas em vários Estados e a idéia é de que as TVs locais que queiram se associar se estruturem de forma a não serem emissoras dos governadores. Elas não necessariamente replicariam a forma da EBC, mas teriam de ter alguma forma de controle público e transparência, de modo a evitar intervenções políticas.
'Minha avaliação é ter em seis meses umas 15 emissoras associadas pelo modelo pleno e outras num modelo de transição (com apenas parte da programação compartilhada e sem mudança no modelo de gestão)', diz Franklin.
Na semana passada, a Aperipê TV, de Sergipe, foi a primeira emissora estadual a firmar convêncio para formar rede com a TV Brasil. (Leia mais aqui)
Transição
Por 'modelo pleno', o ministro entende, além da transição para uma estrutura que dê autonomia à emissora estadual em relação ao Poder Executivo local, um compromisso de contribuir para a programação. O primeiro passo foi dado na última quinta feira, quando a TV Aperipê, do governo petista de Sergipe, assinou documento para começar a se associar à EBC, transmitindo quatro horas de programação local e reproduzindo a programação da rede nacional. Segundo a presidente da EBC, Tereza Cruvinel, já há negociações semelhantes com as emissoras estaduais da Bahia, de Mato Grosso do Sul, Pará e Pernambuco ecom a TV Universitária do Rio Grande do Norte. Franklin garante que mesmo em Estados governados por partidos de oposição, como Minas Gerais e São Paulo, onde os governadores são do PSDB, há boas conversas e possibilidade de colaboração.
Boa vontade
'A resistência à TV pública não é de toda a oposição, mas apenas de um setor da oposição', sustenta. 'Tem havido enorme boa vontade da Rede Minas e da TV Cultura de participar. Talvez não de forma plena, no início. O ambiente é bom, conversam o tempo todo. Existe uma unidade no campo das TVs públicas que vai além dos partidos.'
Integrantes do PSDB e do DEM, principalmente, têm acusado a EBC de ser uma 'TV Lula', supostamente destinada a fazer propaganda governista. O governo rebate, defendendo um modelo semelhante ao de emissoras públicas de outros países, sobretudo da Europa Ocidental, como a BBC britânica, que, mesmo pertencentes ao Estado, são independentes dos governos.
Programação
Recém-nomeada para o posto, Tereza afirma que o primeiro passo da nova emissora será unificar o jornalismo, a partir das estruturas que estão sendo fundidas: Radiobrás e TVE Rede Brasil. Um dos principais objetivos é fazer um telejornal noturno em rede nacional.
Inicialmente, a EBC deverá transmitir em São Paulo, com sinal digital, provavelmente a partir de dezembro. Com a unificação, também deverá haver, inicialmente, transmissões no Rio de Janeiro, atualmente da TVE (canal 2 no sistema analógico), Distrito Federal e Maranhão (também operado pela TVE). Como a transmissão digital começará aos poucos pelos Estados, inicialmente haverá apenas transmissão analógica. 'Na grade de programação, poderemos aproveitar programas das emissoras estaduais', adianta ela.
Fonte: O Estado de S. Paulo