Pós-graduando da USP, Allan Aron, assume presidência da ANPG
Com o tema “Absorção de Jovens mestres e doutores no mercado de trabalho”, o 35º Conap (Conselho Nacional de Associações de Pós-Graduandos) da ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos) aconteceu no último sábado (27), na Unifran, Franca, interior de
Publicado 30/10/2007 20:28
A presidente da ANPG, Luiza Rangel, anunciou seu afastamento do cargo devido ao convite recebido para contribuir na esfera institucional do governo federal. Allan Aroni, mestrando da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, atual vice-presidente, passou a assumir a presidência da ANPG.
Em discurso para os Pós-graduandos presentes, Allan parabenizou a forma como a Luiza Rangel conduziu a entidade.
Desenvolvimento nacional
O primeiro debate do Conap deu-se início sobre os “Desafios da pós-graduação e o desenvolvimento nacional”. Tereza Dib mostrou alguns dados dos programas de pós-graduação da Unicap, no sentido de comprovar que é possível fazer pós-graduação de alto nível e com notas altas para formar cada vez melhor os estudantes.
Ela também afirmou que o Brasil já ampliou a sua produção científica. “Na década de 80 eram produzidas 200 teses por ano, hoje já são 2.100”, destacou. A professora também destacou o papel que jogam as universidades brasileiras no cenário internacional, com destaque para a USP, Unicamp, UFRJ, PUC, Unesp e UFMG – que estão no ranking internacional das 500 melhores universidades do mundo. Porém, Teresa Dib disse que essa presença só ocorre no sudeste, região que têm a maioria dos cursos com nota sete da Capes.
“Crescemos, mas precisamos crescer ainda mais, com qualidade em todas as áreas e com visibilidade internacional. Pois, enquanto os EUA têm 300 mil publicações anuais, o Brasil tem apenas 10 mil. Nosso crescimento está limitado devido ao sistema educacional estar incompleto. Não preparamos bem os estudantes, principalmente de escolas públicas do ensino médio e fundamental, para entrar na universidade. Dos que entram na Universidade, cerca de metade concluem seus cursos, por diversos motivos, o que faz com que poucos cérebros cheguem à pós-graduacão e, conseqüentemente, a produção científica é limitada. De 100 alunos que se formam na graduação, apenas cinco ingressam no mestrado”, disse.
“Por isso, nosso sistema educacional deve ser visto de forma única e não fragmentada. Enquanto a Alemanha forma 30 doutores, a Inglaterra 24, o Japão 21, os EUA 14 por 100 mil habitantes, o Brasil forma apenas 4,6 (com exceção do resultado de 2006 que foi de 5,5), o que mostra uma grande diferença em relação aos países que já resolveram a maioria de seus problemas. A pós-graduação deve ser integradora, focada na resolução dos problemas sociais e econômicos do país. A universidade ou centro de pesquisa deve contemplar estudantes de outras cidades, Estados e países. A inovação deve ser desenvolvida em qualquer área do conhecimento”, explicou
Para o professor Alberto Baggio, da Unesp, “a pós-graduação pode jogar um papel extraordinário na continuidade deste desenvolvimento, aliando a pesquisa às necessidades de nosso país”.
Mercado de trabalho
O debate sobre o tema do Conap, a “Absorção de Jovens mestres e doutores no mercado de trabalho”, contou com a pesquisadora e presidente da ANPG, Luiza Rangel e o professor Wilson Roberto Cunha, coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado em Ciências da Unifran.
“A preocupação com esse tema é recente no Brasil, uma vez que nossa pós-graduacão tem origem na década de 50 e nossas universidades são centenárias e não milenares, como em outros países mais desenvolvidos”, contextualizou. Ela também ressaltou que “na década de 50, existia a preocupação na qualificação de professores para ministrarem em cursos de mestrados e doutorados nas universidades federais, mas que hoje as formas de absorção devem ser mais amplas”.
Segundo Luiza, “a preocupação com a absorção de jovens mestres e doutores no mercado de trabalho se intensificou em 2001, quando o então ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, defendeu formar 10 mil doutores por ano até 2010. Na época formavam-se seis mil doutores por ano. Hoje, a meta de 10 mil já foi alcançada e o Plano Nacional de Pós-Graduação prevê que, a partir de 2010, o Brasil deverá formar 16 mil doutores anualmente.”
“Embora o sistema de pós-graduação seja novo no Brasil, os números demonstram um grande crescimento com qualidade. A avaliação do sistema pela Capes é referência internacional e vem se aprimorando. A crítica da ANPG ao processo se dá principalmente no que tange a produtividade, devido a importância alta ao critério de publicação de artigos para a classificação dos cursos pela Capes”, agregou.
Para ela, “a carreira docente pode ser incentivada através da criação de novas universidades federais em locais que necessitam de desenvolvimento e de diminuir as desigualdades regionais. Para isso, são bem vistas as iniciativas feitas pelo atual governo através da ampliação e criação de 14 universidades Federais, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Mas essa expansão deve estar aliada a criação de novos centros e institutos de pesquisas”, alerta.
Resoluções do Conap
O 35º Conap aprovou moção a PUC – SP garantindo a não retirada da participação de pós-graduandos nos Conselhos Superiores da Universidade e uma comissão de APGs e da ANPG para formular um roteiro de debates sobre o Reuni, priorizando a questão da valorização da política de expansão de vagas nas universidades públicas.
Também foi aprovado o regimento interno do próximo congresso da ANPG, bem como o Estatuto chamando o próximo congresso.
Além destes pontos, os pós-graduandos também aprovaram sua participação no 15º congresso da Organização Latino Americana e Caribenha de Estudantes (Oclae), a se realizar de 12 a 17 de novembro no Equador.
Por Silvia Sarzano Barchiesi,
De Franca-SP