250 lideranças sindicais participam de atividade pró-CTB no RS

Cerca de 250 lideranças sindicais lotaram o auiditório da FETAG RS no lançamento do Manifesto pró-central classista e democrática, já chamada de CTB – Central dos Trabalhadores do Brasil. Participaram delegações de 67 municípios gaúchos. Ao todo foram

A mesa que conduziu o ato contou com as presenças de Elton Weber, presidente da FETAG RS (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS); Guiomar Vidor, presidente da Fecosul (Federação dos Comerciários do RS); Vicente Selistre, presidente do Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom; Abigail Pereira, do Sintrahtur (Sindicato dos Trabalhadores em Hoteis, Restaurantes e Turismo); Lerida Pavanelo, Coordenadora de Mulheres da FETAG RS; Valdirlei Castanha, Secretário Geral da Confederação dos Trabalhadores na Saúde; e Assis Melo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul; todos pela organização local do movimento pró-CTB. Além deles, participaram da mesa os líderes nacionais do movimento, Pascoal Carneiro, dirigente nacional da CSC (Corrente Sindical Classista); Joilson Cardoso, dirigente nacional da SSB (Sindicalismo Socialista Brasileiro); e Vilson da Silva, da FETAEMG (Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Minas Gerais).


 


A atividade também contou com a presença de lideranças políticas, como a deputada federal Manuela D'ávila (PCdoB); o deputado estadual Raul Carrion (PCdoB); o presidente estadual do PSB, Caleb Oliveira; e o senador Paulo Paim (PT).


 



União dos trabalhadores do campo e da cidade


 



A grande presença de representantes do sindicalismo rural junto a operários, trabalhadores da área de serviços, educação e funcionalismo público, proporcionou cenário emblemático, que aponta para uma central que deve trabalhar com intensidade a unidade dos trabalhadores urbanos e rurais.


 


Segundo os organizadores, as mobilizações feitas em todas as regiões do estado garantiram a boa representatividade da plenária e demonstraram o entusiasmo dos trabalhadores com a construção da nova central. 


 



Para o presidente da Fetag RS, a oportunidade do debate sobre a criação da central retoma tema importante para os trabalhadores: uma maior coesão, entre os trabalhadores do campo e os da cidade nas suas lutas. Exaltou a importância do debate conjunto entre as diversas categorias de trabalhadores. ''Nós já fazemos, mas podemos aperfeiçoar mais''. Weber alertou para a necessidade da ousadia, para a construção da nova central. Segundo ele, o momento é de se ter atitude – mesmo sendo este um tema considerado ''delicado'' em algumas áreas do setor de trabalhadores rurais, em função de experiências negativas anteriores. Acentuou a importância do processo de construção da central, como instrumento de luta e resistência frente aos ataques sofridos pelos trabalhadores, que visam, segundo ele, enfraquecer a organização sindical.''Neste momento, precisamos de ações, frente aos grandes desafios do movimento sindical como um todo, e em especial para os agricultores e agricultoras familiares, na luta pelos nossos direitos'' concluiu.


 


Uma central de princípios classistas


 



Guiomar Vidor apresentou, em nome da coordenação gaúcha pró-CTB, as diretrizes do movimento. Chamou a atenção para a exigência da realidade atual, que aponta para a necessidade de uma central sindical de novo tipo, ''que consiga colocar os trabalhadores brasileiros como protagonistas da história e das transformações que nós queremos para o Brasil''.


 


Pontuou o compromisso que a CTB deve ter com os objetivos estratégicos dos trabalhadores, ''com  projeto de desenvolvimento soberano para o país, com valorização do trabalho, empregos, distribuição de renda e nenhum direito a menos, só direitos a mais''.


 



Pascoal Carneiro reforçou a defesa que a central faz do crescimento para o país, mas fez a ressalva, que o ''crescimento tem que ser com valorização do trabalho e do trabalhador, com ampliação de direitos''.


 



Fez análise do tempo e momento em que se dá o movimento de construção da nova central. Para ele, os avanços democráticos conquistados na América Latina e no Brasil exigem mais luta e mobilização dos trabalhadores, para defender direitos e garantir conquistas e mais avanços. Elencou questões centrais que orientam o debate em torno das características da nova central. ''Queremos uma central plural, atuante, independente e autônoma em relação ao capital e a governos e partidos políticos. Com democracia, que promova espaço real de participação e atuação dos mais diversos setores, que promova a atuação dos jovens, das mulheres, negros e dos movimentos sociais.'' Criticou o papel atual que desempenha a CUT, na qual, segundo ele, há muita ingerência partidária e falta independência em relação ao governo.


 



O dirigente classista defendeu com veemência a unicidade sindical, que segundo ele, se contrapõe a idéia de pluralidade e liberalismo sindical, que só serve aos interesses das multinacionais e centrais sindicais internacionais que colaboram com o capital. Também opinou sobre o imposto sindical, condenando a atual tentativa de acabar com este dispositivo. Segundo ele, o fim do imposto sindical fragiliza a luta dos trabalhadores – na sua sustentação. ''Sem sustentação, como é que os sindicatos poderão disputar em condições reais na sociedade com os patrões?''. Fez comparativo entre o que representa o total de recursos repassados anualmente para as entidades sindicais dos trabalhadores, que é de R$ 700 mi, enquanto que o sistema ''s'', administrado pelos patrões, recebe R$ 12 bi.


 


 


O líder camponês mineiro, Vilson Dias, defendeu a necessidade da atuação unitária, de mobilização e propositiva da central. Mostrou-se convicto quanto à criação da CTB. ''Em outros momentos, muitos foram resistentes à filiação à CUT. Mas neste momento, temos que fazer a flexão e criar uma central forte, para de fato termos protagonismo e força para fazer avançar nossas lutas''. Obteve concordância com o presidente do Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom, Vicente Selistre, que disse que a CTB deve recuperar o papel mobilizador do sindicalismo.


 



Acreditar na luta


 


O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, Assis Melo, também defendeu a ousadia na luta dos trabalhadores. ''Somente com mobilização é que podemos garantir as mudanças que o país precisa. Neste sentido, a central classista e democrática cumpre um papel decisivo''. Citou exemplo das mobilizações ocorridas em Caxias do Sul, contra a emenda 3. ''Os trabalhadores foram à rua defender seus direitos – temos que entender que há esta disposição para a luta'', concluiu.


 


 


 


Veja alguns depoimentos de participantes da plenária sobre a criação da CTB:



Pedro Büttner – Metalúrgico


''É uma mudança que os trabalhadores estavam esperando''


 


 


Sônia Maria Bertuzzo – Trabalhadora rural


''É uma oportunidade para as diversas categorias de trabalhadores discutirem e lutarem conjuntamente pelos seus direitos, em todo o país.''


 


 


 


Rosane Simon – Sindicato dos Comerciários de Ijuí


''É a construção de uma perspectiva concreta para os trabalhadores e trabalhadoras, de novos dias no mundo do trabalho. É um instrumento para que os trabalhadores sejam os agentes da sua própria história''.


 


 


Resolução


 



No final da plenária, os presentes aprovaram resolução em que reafirmam o caráter classista da nova central, bem como um conjunto de bandeiras de luta imediatas para os classistas.


 


No documento, defende-se que, na marcha das centrais que ocorrerá no dia 5 de dezembro em Brasília, seja incluída a a bandeira que condena qualquer retirada de direitos na previdência e pede o fim do fator previdenciário.


 



Na próxima semana, o movimento pró-CTB deve encaminhar documento à Assembléia Legislativa, no qual condena a política de desmonte do estado e o “tarifaço”, propostos pelo governo tucano de Yeda Crusius.


 


RS no congresso de fundação


 


O Rio Grande do Sul deve enviar delegação de 80 entidades para o congresso de fundação da CTB, nos dias 12, 13 e 14 de dezembro, em Belo Horizonte.


 


 


Veja a íntegra da resolução aprovada na plenária pró-CTB no RS


 


 


Resolução da Plenária de Lançamento do movimento pró-central classista e democrática no RS.


 


O conjunto amplo de entidades, de diferentes vertentes do sindicalismo brasileiro, representantes do campo e das cidades, que compõem o Movimento Pró-Central Classista e Democrática, tem como objetivo a criação de um central sindical orientada pelos princípios classistas, de defesa intransigente dos interesses imediatos e futuros da classe trabalhadora brasileira; uma organizaçào unitária, democrática e plural. Que pode contemplar o conjunto das organizaçòes que atuam no sindicalismo nacional, e conviver, de forma civilizada e natural com as divergências, sem hegemonismos. Deve expressas a unidade dos trabalhadores urbanos e rurais – uma entidade decididamente autônoma e independente frente ao capital, governos e partidos políticos.


 


A iniciativa tem o propósito de elevar a luta pela unidade da classe trabalhadora a um novo patamar. A compreensão é de que a união do conjunto das categorias já não passa mais por uma única central, exige a coalizão de todas as centrais, que pode, e deve ser viabilizada através de uma Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), que crie um Fórum Unitário das Centrais, pois a unidade é indispensável para enfrentar com êxito os desafios da atualidade – como a luta política por um projeto nacional de desenvolvimento, com soberania e valorização do trabalho, no rumo do socialismo do século XXI.


 


A central classista – cuja designação provisória é Central dos Trabalhadores do Brasil – CTB, nasce com a certeza de que poderá contribuir, e muito, para o avanço das lutas dos trabalhadores nesta conjuntura atual, caracterizada pelas mudanças em curso no cenário político brasileiro e latino-americano. Ela exige maior protagonismo da classe trabalhadora na luta política e no movimento social, para quebrar as resistências das forças conservadoras e abrir caminho para transformações mais profundas.


 


Portanto, a realidade exige uma central sindical de novo tipo, classista e democrática – erguida pelo protagonismo daqueles que acreditam na luta por transformações sociais mais profundas, e contra a precarização do trabalho – Nenhum direito a menos, só direitos a mais. Uma central classista e democrática com uma estrutura sindical forte, baseada na unicidade sindical, na organização por local de trabalho, na garantia mínima de sustentação financeira e na garantia dos mandatos sindicais e democratização das entidades.


 



A Central Classista e Democrática nasce forte


 


As atividades de lançamento do Manifesto em todo o país, assim como ocorreu na Bahia, Ceará, Paraná, Rio de Janeiro, no lançamento nacional, em São Paulo, e neste lançamento no Rio Grande do Sul, têm revelado grande disposição dos trabalhadores em construir a nova central. Estima-se que a CTB, no seu congresso nacional de fundação, marcado para os dias 12, 13 e 14 de dezembro em Belo Horizonte, possa reunir cerca de mil sindicatos, além da participação de diversas confederações e federações.


 


Bandeiras de Luta


 


Além das bandeiras gerais de luta, que orientam a ação dos classitas neste momento, como a Defesa do desenvolvimento nacional, com soberania e valorização do trabalho – só com direitos a mais, e nenhum direito a menos, definiram-se outras importantes, que estão colocadas na ordem do dia e exigem a mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras:


 


– Pela não retirada de direitos dos trabalhadores na Previdência;
– Pelo fim do Fator Previdenciário;
– Contra o ''Tarifaço'' e o desmonte do estado promovido pelo Governo Yeda;
– Pela redução da jornada para 40 horas, sem redução de salarios;
– Por novo modelo agrícola, com efetiva reforma agrária e prioridade à agricultura familiar.


 



Central Classista na Luta


 



O movimento pró-CTB deverá participar da marcha das centrais, que acontece em Brasília, no dia 5 de dezembro. A marcha terá como eixo principal a luta pela redução da jornada para 40 horas, sem redução salarial. Os classistas irão reivindicar a inclusão da luta contra a retirada de direitos na previdência e pelo fim do fator previdenciário, entre as principais bandeiras desta grande mobilização.


 


 


De Porto Alegre
Clomar Porto