Dossiê expõe sucateamento da Brigada Militar

As três entidades de classe que representam os servidores da Brigada Militar entregaram, nesta quinta-feira (08) ao Senado Federal e à Assembléia Legislativa gaúcha, documento que denuncia transferências arbitrárias e aponta os salários baixos e as más

Os servidores reclamam que vêm sendo ignorados pela governadora Yeda Crusius, pelo secretário de Segurança Pública, José Francisco Mallmann, e pelo Comando-Geral da Brigada Militar desde o início das reivindicações da categoria. O ponto forte das manifestações ocorreu no mês passado, quando cerca de 2 mil policiais participaram da Marcha pela Dignidade, em Porto Alegre. Até o momento, a categoria não foi recebida pela governadora e se diz insatisfeita com a falta de ação do comando da corporação e do secretário.


 



Além disso, os servidores reclamam que os protestos desencadearam transferências arbitrárias de servidores e até mesmo a tentativa de deslegitimar as associações que representam os brigadianos. É o que relata o vice-presidente da Associação dos Oficiais da Brigada Militar (AsofBM), tenente coronel Jorge Antônio Penna Rey. “No caso do Comando de Policiamento da Capital, que é o mais importante da Brigada Militar, em que tivemos duas trocas de comando em pouco mais de quatro meses. E várias outras transferências de oficiais que caracterizou até uma certa perseguição dos policiais. Essa é uma das denúncias que apresentamos”, diz.


 



No dossiê, os brigadianos ainda descrevem o descumprimento de direitos trabalhistas. Os servidores não estão recebendo a mais pelos termos de adicional noturno e nem de dedicação exclusiva, que são obrigados a cumprir de acordo com a Constituição brasileira. O governo estadual também não estipulou índice de aumento para a matriz salarial da categoria, que ocorre todos os anos em Fevereiro. O salário do soldado da Brigada Militar é um dos mais baixos no país, ficando na média dos R$ 700,00, enquanto que um policial federal recebe cerca de R$ 1,8 mil.


 



Penna Rey destaca as más condições de trabalho na Brigada. Somente neste ano, já foram mortos 39 servidores durante o trabalho, número menor do que os civis, mas bastante elevado entre os policiais no Brasil. “Hoje a Brigada Militar não possui um número de coletes à prova de balas suficiente, muitos estão vencidos. O armamento também é outra questão. Muitos soldados portam revólveres em vez de portar pistola. Viaturas sucateadas e sem manutenção. E a questão básica do fardamento, não estamos recebendo do Estado e isso está fazendo com que os policiais troquem peças de fardamento nas paradas policiais. Isso é o fundo do poço para a Brigada Militar; o soldado ter que passar o cuturno para o outro para poder trabalhar”, afirma.


 



Na Assembléia Legislativa, será criada uma comissão mista somente para tratar da questão da Brigada Militar. A primeira medida será solicitar uma audiência com a governadora Yeda Crusius.


 


Agencia Chasque