Luis Nassif: “A pobreza na América Latina”
O relatório “Panorama Social 2007 da América Latina”, preparado pela Divisão de Desenvolvimento Social e Divisão de Estatística e Projeções Econômicas da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) trouxe bons resultados do combate à pobreza no conti
Publicado 19/11/2007 11:19
Ainda é uma região de grande pobreza. Dados de 2006 apontam para 36,5% da população da região em situação de pobreza; e 13,4% na situação de extrema pobreza ou indigência. No total, são 194 milhões de pessoas pobres, das quais 71 milhões são indigentes.
Mesmo assim, tem havido redução. Em relação a 2005, houve uma queda de 3,3 pontos percentuais entre os pobres e 2 pontos entre os indigentes. Ou seja, 15 milhões deixaram a pobreza e 10 milhões a indigência.
O estudo ajuda a entender a popularidade dos novos governantes do continente.
Entre 2002 e 2006:
• Na Venezuela a pobreza caiu de 48,6% para 30,2%; a indigência, de 22,2% para 9,9%.
• Na Argentina, a pobreza caiu de 45,4% para 21% e a indigência de 20,9% para 7,2%.
• No Brasil, a pobreza passou de 37,3% para 33,3% e a indigência de 13,2% para 9%.
No caso da Venezuela, as razões foram a elevada taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e a implementação continuada de programas sociais de larga escala.
No Brasil, houve redução de 6 milhões no número de indigentes. O fator decisivo, segundo o trabalho, foram os programas de transferência de renda, especialmente a Bolsa Família.
O trabalho constata que o continente, como um todo, está indo bem para cumprir uma das metas do milênio, que era de, até 2015, reduzir pela metade a pobreza extrema vigente em 1990. Os países mais próximos de alcançar a meta são o Brasil, Equador, México, Chile. Colômbia, El Salvador, Panamá, Peru e Venezuela registram progresso superior ao esperado. A Argentina fica para trás, mas, principalmente, devido aos efeitos trágicos da herança de Domingo Cavallo, no governo Menen.
Mas, ao mesmo tempo, o aumento da proporção de trabalhadores dessas famílias sobre o total da população. Entre 1990 e 2005 houve aumento das rendas de trabalho (para esta faixa) apenas nas áreas urbanas do Brasil, Chile e Equador. E aumento no número de trabalhadores empregados no México e no Panamá. Mas os valores de transferências aumentaram de maneira mais ou menos generalizada.
Na Argentina (Grande Buenos Aires), Bolívia, Paraguai (Área Metropolitana de Assunção), caiu a renda dos mais pobres e não foi compensada por maiores taxas de emprego.
Um dos problemas apontados é a questão da segregação territorial das classes menos favorecidas. Isso leva a um enrijecimento da pobreza e sua reprodução intergeracional, podendo ameaçar a coesão social, já que diminui a possibilidade de uma ponte entre os diversos grupos sociais.
Esse isolamento cria barreiras, na distância entre o local de moradia e o de trabalho, a estigmatização dos habitantes de bairros pobres, o baixo acesso a informações e a contatos para obter emprego, e à socialização das crianças e adolescentes deste bairros a modelos de comportamento anti-social, desestimulando a educação e o trabalho como vias para superar a pobreza.
Bairros pobres
Estudos efetuados no México demonstraram que a deterioração da situação sócio-econômica da região aumenta a possibilidade de abandono da escola, após o primeiro ciclo. Buenos Aires, Santiago do Chile e Montevidéu crianças e adolescentes moradores de bairros carentes têm pior desempenho escolar. Em São Paulo bairros mais pobres acabam recebendo professores que receberam menor pontuação nos concursos.
De 1990 a 2006
A comparação entre dados de 1990 e 2006 mostram uma evolução constante. A taxa de pobres diminuiu 11,8 pontos percentuais e a de indigência 9,1 pontos. 20 milhões de pessoas deixaram de ser indigentes no período. Ainda assim, pela primeira vez o número de pessoas em situação de pobreza superou os 200 milhões. O crescimento da economia em 2007 poderá reduzir esse número para menos que os 200 milhões.
PIB de 2007
Segundo o estudo, dependendo do crescimento do PIB per capita em 2007, as porcentagens de pobreza e indigência poderão cair para 35,1% e 12,7%, respectivamente, totalizando 190 milhões de pobres dos quais 69 milhões de indigentes. Seriam as taxas mais baixas do continente desde os anos 80 e o menor número de pobres nos últimos 17 anos. De 2002 para cá o maior progresso dói na Argentina (área urbana).
Fonte: Blog do Nassif