Governo do Quênia acusa oposição de “faxina étnica”
O governo do presidente do Quênia, Mwai Kibaki, responsabilizou nesta quarta-feira (2) os partidários do oposicionista Raila Odinga pelas violências tribais que explodiram depois da eleição presidencial e ameaçam dilacerar o país. “Os partidários de Raila
Publicado 02/01/2008 12:50
O balanço do incêndio provocado ocorrido terça-feira numa igreja de Eldoret continua a crescer. “Pelo menos 35 pessoas foram queimadas vivas dentro da igreja. Havia mulheres e crianças”, diz um alto funcionário da Cruz Vermelha local. Entre 300 e 400 pessoas tinham se refugiado no templo para fugir das violências interétnicas que sacodem o país. Eldoret é a cidade queniana mais atingida pelas violências, ao lado da localidade vizinha de Kisumu, reduto do oposicionista Raila Odinga.
A Cruz Vermelha queniana avalia que pelo menos 70 pessoas foram deslocadas pela onda de violência no oeste do país. Centenas de quenianos da tribo kikuio, de onde se origina o presidente Kibabi, se refugiaram em Uganda, segundo funcionários ugandenses, para fugir das operações policiais e dos atos de vandalismo de outras tribos, partidárias de Odinga.
A União Africana (UA) e a União Européia (UE) chamaram na terça-feira os representantes dos dois campos “à moderação” e ao diálogo. A UA manifesta o desejo de que se encontre uma “solução confiável e transparente”.
Após falar ao telefone com Kibabi e Odinga, o primeiro ministro britânico, Gordon Brown, pediu-lhes que “se falem” e “explorem a possibilidade de se unirem em um governo”. A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, solicitou que eles “dêem provas de espírito de compromisso”. O presidente de Gana, John Kufuor, que exerce a presidência da UA, deve viajar ao Quênia na quarta-feira para se entrevistar com o presidente Kibabi.
Kibabi opinou que “os dirigentes dos partidos políticos deveriam se encontrar imediatamente e fazer uma conclamação pública pela calma”. Por sua vez, Raila Odinga advertira, numa entrevista à BBC, que não aceitaria “negociar” com o presidente exceto caso este reconhecesse que perdera as eleições. “Os votos podem ser recontados”, disse ele. “Estamos dispostos a trazer uma equipe internacional de árbitros”.
As suspeitas de fraude são alimentadas pelo presidente da Comissão Eleitoral queniana, que disse ter sofrido pressões da equipe do chefe de Estado, conforma afirma a edição on line do jornal The Standart. “Eu não sei se Kibabi ganhou a eleição”, disse Samuel Kivuitu, citado por este site. O presidente da comissão explica que membros da assessoria presidencial procuraram-no com freqüência para pedir que anunciasse os resultados o quanto antes. “Pensei em me demitir, mas decidi que não porque não quero que digam que sou um fraco”, declarou ele, conforme o Standart.
Fonte: Le Monde