Morre Volodia Teitelboim, escritor e histórico comunista chileno
O escritor e dirigente político chileno Volodia Teitelboim morreu, nesta quinta-feira (31), aos 91 anos em uma clínica de Santiago como conseqüência de uma crise respiratória. Ele sofria de um câncer linfático e de uma infecção renal, e estava internado d
Publicado 01/02/2008 10:36
Novelista, ensaísta e biógrafo, Volodia Teitelboim, nasceu em 1916. Ingressou na juventude comunista chilena aos 16 anos e aos 19 anos participou da publicação da controversa Antología de Poesía Chilena Nueva. Na década de 40 foi perseguido, exilado e preso devido a sua militância política. Em 1952 publicou a novela Hijo del salitre, cujo prólogo foi de Pablo Neruda. Em 1954 fundou e dirigiu a revista cultural Aurora.
Entre os anos de 1961 e 1965 foi deputado e em seguida elegeu-se senador (1965). Após o golpe militar (1973) viveu exilado na Rússia, de onde dirigiu o programa Escucha Chile na Radio Moscou, que ajudou na reorganização do partido. Voltou posteriormente ao Chile de forma clandestina.
Em 1989 foi eleito secretário-geral do Partido Comunista, cargo que exerceu até 1994. Em 1996, recebeu a Orden Gabriela Mistral e a Medalha Pablo Neruda. Em 2002 lançou Ulises llega en locomotora e foi agraciado com o Premio Nacional de Literatura. Nos últimos meses estava escrevendo um livro sobre a esquerda latino-americana.
Para o secretário de Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, o Chile perde um dos símbolos de uma geração heróica de sua história. “Ele pertenceu a uma geração que lutou pelo socialismo no Chile e no mundo, que combateu a ditadura fascista de Augusto Pinochet, além de ter sido um grande intelectual e poeta”, afirmou o dirigente comunista, que chegou a conhecer Volodia Teitelboim em 2001, por conta de uma entrevista para a revista Princípios.
Confira abaixo a íntegra do comunicado redigido pelo Partido Comunista do Chile em virtude do falecimento de Volodia Teitelboim:
O Partido Comunista do Chile cumpre o doloroso dever de comunicar o falecimento, às 19h05 de hoje, quinta-feira, 31 de janeiro, no Hospital Clínico da Universidad Católica, daquele que foi seu secretário-geral, parlamentar e dirigente de seu Comitê Central até o último dia de sua vida, o querido companheiro Volodia Teitelboim.
Ao nos dirigirmos neste dia de dor ao conjunto do Partido e à Juventude Comunista, assim como aos trabalhadores e ao povo do Chile, não podemos deixar de expressar nosso orgulho dos relevantes aportes às letras, à cultura e ao trabalho político de nosso país realizados por Volodia Teitelboim desde as mesmas filas que compartilharam Recabarren e Neruda, Víctor Jara e Francisco Coloane, Cristina Carreño e Gladys Marín.
Volodia foi um grande defensor da unidade do povo, um lutador infatigável pela dignidade e direitos dos trabalhadores, além de um democrata incansável.
Pela profundidade e pelas dimensões prodigiosas de sua obra, lhe foi conferido o Prêmio Nacional de Literatura.
Por sua externa jornada, que se prolongou por mais de 90 anos, atravessando distintos períodos e circunstâncias de nossa história, por sua conseqüente vocação e prática internacionalista, pela fraternidade demonstrada a cada momento de sua vida, ele estará sempre conosco.
Para Marina, sua filha, e todos os seus familiares, companheiros e amigos, a todos e a todas que o admiraram, nossas condolências e solidariedade.
Guillermo Teillier Lautaro Carmona
Presidente Secretário-geral
Comitê Central do Partido Comunista do Chile
Santiago, 31 de janeiro de 2008.
Da redação,
Fernando Damasceno