Partidos terão uma semana para indicar cargos na CPI
O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), criou oficialmente ontem (21) a CPI mista dos Cartões Corporativos. No entanto, para que a comissão seja instalada de fato, os líderes partidários terão que indicar os integrantes para compor a CPI, o
Publicado 22/02/2008 16:31
A oposição ameaça não indicar membros para a comissão mista caso não conquiste a presidência ou a relatoria da CPI. O PMDB já indicou o senador Neuto de Conto (SC) para a presidência da comissão mista, enquanto o PT escolheu o deputado Luiz Sérgio (RJ) para a relatoria.
A disputa pelos cargos da CPI mista toma conta do Congresso há duas semanas. Nos bastidores de Brasília, há quem acredite que a própria oposição está protelando a instalação da Comissão pois teme que, sem o controle das investigações, informações comprometedoras sobre o uso dos cartões corporativos durante o governo Fernando Henrique poderão vir à tona. Essa situação não interessa aos posicionistas, especialmente ao DEM (ex-PFL), PSDB e PPS, cujas lideranças ocuparam os principais postos de comando do governo FHC.
Oficialmente, DEM e PSDB reivindicam a presidência ou a relatoria da CPI mista com a alegação de reunir o segundo maior bloco partidário no Senado. O PMDB, como maior bancada da Câmara, poderia indicar também o relator –mas como não pode monopolizar os dois cargos, cedeu a vaga ao PT, que é a segunda maior bancada na Casa.
No entanto, o governo evita ceder um dos cargos de comando da CPI mista para impedir um racha na base aliada que apóia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ouviu ontem do ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) que as negociações estão abertas, mas sem alterações por ora.
“Como não há unanimidade na base aliada, o Planalto resolveu não se envolver. O presidente está fora do processo”, disse Jucá. “O ministro Múcio concorda, mas não dá para patrolar a base [aliada].”
Já nesta sexta-feira, Jucá disse à imprensa ter conquistado apoios na base para negociar a presidência da Comissão. “Não sou mais uma voz tão isolada. Outras lideranças estão defendendo também o entendimento. Mas nós precisamos entrar unidos na CPI e se não houver unanimidade na base não vamos fazer o entendimento”, disse Jucá.
Um dos líderes que se uniu a Jucá na defesa da divisão dos cargos é Luciano Castro (PR-RR). Contrário à realização da CPI desde o começo, ele argumenta que se a investigação vai acontecer tem de ser compartilhada. “Se resolveram criar a CPI agora tem que dividir. O PT já vai ficar com a relatoria, então eu não vejo problema em dar a presidência para a oposição”. Segundo Castro, as maiores resistências estão na bancada do PT na Câmara.
Jucá afirmou que somente após conseguir a unanimidade na base irá procurar o PMDB do Senado para pedir a vaga para os tucanos. O líder peemedebista, Valdir Raupp (RO), já deu sinais de que pode fazer o recuo na indicação de Neuto caso haja o pedido formal.
Paralelamente, o DEM e PSDB ameaçam criar uma CPI exclusiva no Senado para investigar os cartões corporativos. Mas Jucá afirmou que o governo não vai se pautar por essa possibilidade. “Não vamos nos pautar por ameaça. As ameaças só atrapalham”, disse o senador.
Da redação,
com agências