Referendo popular detona privatização na Alemanha
Os habitantes da cidade alemã de Leipzig, na antiga RDA, bloquearam a venda da empresa municipal de eletricidade à gigante estatal francesa GDF, por meio de um referendo realizado no dia 27 de janeiro.
Publicado 22/02/2008 18:19
O grupo francês venceu o concurso de concessão em outubro passado, comprometendo-se a pagar 520 milhões de euros ao município por de 49,9 por cento do capital da Leipziger Stadtwerke (SWL), empresa pública que gerou 1,7 bilhões de euros em 2006 e conta com 300 mil consumidores de eletricidade e 120 mil de gás.
O presidente da câmara, o democrata-cristão Burkhart Jung, pretendia assim amortizar parte substancial da colossal dívida municipal, avaliada em cerca de 900 bilhões de euros. Contudo, não detendo a maioria no conselho municipal, Jung não conseguiu concretizar os seus intentos.
Entretanto, alguns partidos e sindicatos juntamente com associações populares começaram a recolher assinaturas para a realização de um referendo local.
Além do inevitável aumento de preços, já verificado em muitos outros municípios que privatizaram a energia, a população temia consequências nos transportes públicos que são hoje financiados em grande parte com os lucros do gás e da eletricidade.
Em pouco tempo os ativistas do movimento recolheram 42 mil assinaturas, conseguindo impor o primeiro referendo de iniciativa popular na história de Leipzig.
A contagem dos votos forneceu resultados expressivos: 87,4 por cento dos 147.767 votantes rejeitaram a privatização da SWL, o quórum de 104 mil votantes foi superado e a consulta teve efeitos vinculativos para a autarquia.