Lula no Rio: ''Meu lado é fazer com que pobre tenha cidadania''

As obras – que incluem moradia, escolas, creches, unidades de saúde, água, esgoto, drenagem, pavimentação de ruas, iluminação, áreas de lazer e equipamentos sociais – integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. As cerimônias foram realizadas às 9h no Complexo do Alemão, às 12h em Manguinhos, e às 14h na Rocinha.

 

A exemplo do discurso que fez mais cedo no Complexo do Alemão, Lula afirmou que as obras lançadas por ele e o governador do Rio, Sérgio Cabral, em Manguinhos, no Complexo do Alemão e na Rocinha não são eleitoreiras. ''Não é para fazer uma ruazinha na véspera de eleição por que o governador não tem eleição esse ano, eu não posso mais concorrer, é por que acho que precisamos resgatar a decência e a dignidade.''

 

Lula falou sobre as manchetes dos jornais que, segundo ele, trazem apenas notícias negativa do Rio de Janeiro. ''Se dependesse dos jornais, das manchetes, a gente não levantaria, ficaria todo mundo deitado o tempo inteiro.''

 

Ação contra a criminalidade

 

O presidente fez um apelo aos jovens para que não entrem na criminalidade. ''Se o estado não estiver presente com educação, lazer, cultura, emprego, o jovem não tem outra saída, ele vai pegar a primeira coisa que se apresentar próximo dele e aí pode ser coisa ruim que leva um jovem a morrer antes de virar adulto''.

 

E completou: ''queria pedir para a juventude aqui, não há nenhuma razão para desespero, mesmo na situação adversa, olhe o tempo que vocês tem a vida, 15 anos, 16 anos, vocês estão com a vida toda para construir''.

Já na Rocinha, ao encerrar as visitas que fez hoje a favelas do Rio, o presidente sugeriu aos moradores da maior favela do Brasil, que formem um comitê de controle para acompanhar a execução das obras. E tocou num assunto que interessa aos moradores da favela: a ação truculenta da polícia. Lula condenou a violência policial nas favelas. ''Para cada um bandido, você tem 10, 15, 20 mil honestos. O que não pode é a polícia não ser educada a respeitar as pessoas. Não pode entrar batendo em todo mundo, se não vamos partir do pressuposto que todos são bandidos até que se prove o contrário'', disse Lula aos moradores da Rocinha, sendo ovacionado pelo público.

 

''É preciso acabar com essa maldita história de que no Rio só tem violência. Tem muito trabalhador, pai de família e jovem querendo estudar'', completou Lula.

 

O presidente atribuiu a pobreza no Brasil à falta de oportunidades para as camadas mais pobres da população e chamou a atenção para os contrastes sociais em São Conrado, onde estão a favela da Rocinha e habitações de alto luxo.

 

''Não é possível que as pessoas possam brincar em campo de golfe, onde parei meu helicóptero aqui do lado, e muitas tenham que brincar em esgoto a ceú aberto'', disse Lula, referindo-se ao Gávea Golfe Clube, um dos clubes mais exclusivos da cidade, a poucos metros de uma das maiores favelas do Rio.

Destaque para Dilma

Como nos dois discursos anteriores, feitos no Complexo do Alemão e em Manguinhos, Lula apresentou à comunidade a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, como uma das responsáveis por fiscalizar e garantir o andamento das obras do PAC. ''Ela [Dilma], em todo o Brasil, e o Pezão [Luiz Fernando de Souza, vice-governador do Rio] no Rio de Janeiro, têm o compromisso moral, legal e político de fazer acontecer o que assinamos agora''. Mais cedo, Lula havia dito que ''a Dilma é uma espécie de mãe do PAC''.

 

O presidente também apontou como responsáveis pela execução dos empreendimentos do PAC o ministro das Cidades, Márcio Fortes e a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos. ''É importante mostrar as pessoas para depois saber de quem cobrar'', justificou.

 

Lula falou também sobre o programa Bolsa Formação que será lançado amanhã (8), no Rio de Janeiro, para preparar policiais. ''Vamos dar bolsa de estudos para os policias se formarem melhor, se eles não estiverem preparados eles poderão ser mais violentos'', destacou.

 

Os investimentos do PAC no estado do Rio de Janeiro – em 15 municípios, incluindo a capital – somam R$ 3,8 bilhões, sendo R$ 3,2 bilhões de recursos federais. Dois milhões de famílias serão beneficiadas com investimentos de R$ 2 bilhões em urbanização de favelas e R$ 1,7 bilhão em ações de saneamento, segundo o Ministério das Cidades.

 

Complexo do Alemão

 

No Complexo do Alemão serão investidos R$ 601,7 milhões, dos quais R$ 451,2 milhões em recursos federais, beneficiando 26,7 mil famílias. As obras incluem serviços de saneamento, moradias e equipamentos sociais. Os moradores terão acesso a redes de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais e coleta de resíduos sólidos. A rede de iluminação pública terá extensão de 168,2 mil metros e o sistema viário prevê construção, alargamento de ruas e a pavimentação de 246,2 mil metros quadrados. O projeto também inclui obras de contenção do solo para evitar deslizamentos.

 

Será instalado um teleférico com capacidade para transportar 30 mil pessoas por dia. Ao longo de um percurso de 2,9 quilômetros, haverá seis estações, com um terminal integração, a estação ferroviária Bonsucesso. Mais de 3 mil unidades habitacionais serão construídas ou adquiridas e outras 5,6 mil moradias serão reformadas. Ao todo, 26,7 mil famílias serão beneficiadas com ações de regularização fundiária.

 

Uma rede de equipamentos comunitários será construída, com centro médico e postos de saúde, além de centros de atendimento jurídico e de apoio psicossocial. Também serão construídas uma biblioteca, duas escolas de ensino médio, uma escola de ensino técnico profissionalizante, uma escola de música, duas creches, centro comercial, posto policial, agência dos correios, além de banheiros públicos e salas para capacitação profissional e atividades culturais.

 

O Parque da Serra da Misericórdia será recuperado, com instalação de áreas de esporte, centro de reciclagem, criação de um lago plantio de 1,2 milhão de mudas de vegetação nativa. A área que passará por recuperação ambiental é de 3 milhões de metros quadrados.

 

Manguinhos

 

As obras em Manguinhos somam R$ 358,7 milhões, com a participação de R$ 246,2 milhões de recursos federais. Cerca de 11,8 mil famílias da comunidade serão beneficiadas com a instalação de redes de água, esgoto e drenagem. Aproximadamente 1,8 mil moradias serão construídas, 775 adquiridas, e outras 350 reformadas.

 

O projeto prevê a construção de cinco creches, duas escolas de ensino médio, uma escola de ensino técnico profissionalizante, biblioteca, complexo esportivo, centro médico e postos de saúde, centros de geração de renda, de apoio psicossocial e jurídico, seis praças e outras áreas de lazer.

 

Também está prevista a elevação de dois quilômetros das duas vias férreas que hoje cortam a comunidade ao meio. Será construída uma estação intermodal com três pavimentos (uma plataforma de embarque, outra de acesso a bilheterias e sanitários e outra para comércio). Próximo à área da estação, será construído o Parque Metropolitano, com ciclovia, anfiteatro, comércio popular e quiosques de alimentação, além de estacionamento.

 

Rocinha

 

A Rocinha vai contar com investimentos totais de R$ 180,2 milhões, dos quais R$ 141 milhões serão de recursos federais. Cerca de 30 mil famílias que moram na Rocinha serão beneficiadas com a instalação de redes de água, esgoto e drenagem. Para melhorar a mobilidade dentro da Rocinha e o acesso à comunidade, ruas serão alargadas e outras construídas, como o anel rodoviário de 3,4 mil metros em torno da comunidade. O projeto inclui a construção de 424 novos apartamentos para abrigar os moradores que serão removidos em função das obras de urbanização ou por estarem em áreas de risco, como encostas. Ações de regularização fundiária vão beneficiar as 30 mil famílias.

 

Cinco mil moradias serão reformadas, de acordo com projeto, que também prevê a construção de uma creche-modelo e de um centro pré-hospitalar capaz de atender toda a comunidade. Será construído um complexo esportivo, com piscina olímpica e quadra esportiva coberta, e um centro de integração com restaurante e usina de reciclagem.

 

Cerca de 70 mil metros quadrados de áreas degradadas serão reflorestadas. Além disso, serão instalados uma passarela sobre um dos principais acessos à Rocinha e um plano inclinado, que vai ligar o pé do morro à Via Sul, um dos novos acessos.

 

 

Clique nos links abaixo para ver a íntegra dos discursos do presidente Lula em cada uma das três cerimônias:

 

Discurso do Presidente Lula no Complexo do Alemão

 

Discurso do Presidente Lula em Manguinhos

 

Discurso do Presidente Lula na Rocinha