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Yahoo! recua e censura fotos da violência no Tibete

O grupo estadunidense Yahoo!, dono de um dos maiores portais da internet mundial (130 milhões de usuários) envolveu-se numa curiosa polêmica em torno dosa episódios de violência no Tibete. Ele é acusado por outros órgãos da mídia ocidental de não ter cens

As fotos foram divulgadas pela polícia chinesa e foram tomadas durante os tumultos em Lhasa, capital da Região Autônoma do Tibete, e mostram 19 suspeitos. As autoridades policiais faziam um apelo ao público para ajudar a localizá-los.


 
Notícia estava no ar à tarde mas sumiu à noite



A notícia, com o título Polícia chinesa divulga aviso de procura de suspeitos dos tumultos no Tibete, estava no ar na tarde desta sexta-feira (21), bo Yahoo! e também na MSN. À noite, porém, tinha desaparecido das áreas de notícias de ambos os portais. No intervalo, o fato tinha sido noticiado como uma censurável ajuda à abominável polícia chinesa e um desserviço à nobre causa dos admiráveis manifestantes tibetanos.



O Yahoo! divulgou um comunicado explicando-se sobre o episódio. Um porta-voz do grupo americano, citado anonimamente pela AFP, alegou que as imagens foram de fato difundidas, mas pelo portal Yahoo! China. “A marca Yahoo! China é operada pela Alibaba, uma associação em que o Yahoo! detém menos de 40% das ações”, explicou. A fonte disse que o grupo “pediu explicações à Alibaba e interpelou-a, para compreender o que aconteceu e porque as imagens foram veiculadas”.



Desta forma, a mídia ocidental – que opera em ordem unida tal como sua filial brasileira – aparece empenhada em uma operação, aparentemente bem sucedida: impor a autocensura a um de seus pares.



Independente do que se pense da China e do Tibete, do Partido Comunista da China e do dalai lama, os episódios de violência em Lhasa foram um caso de polícia. Somente nesse dia foram queimados 56 carros e 300 prédios, entre lojas, residências, agências bancárias, escolas e hospitais; pessoas foram atacadas, agredidas, mortas, inclusive queimadas vivas.



O Yahoo! foi acusado de ter ajudado as autoridades policiais na procura de 19 suspeitos de responsáveis por esses episódios. Apesar de sua abrangência do portal americano, é duvidoso que a divulgação das fotos tenha ajudado a localizar os acusados, ou que sua retirada seja eficaz para protegê-los – já que o aviso de “procura-se” foi amplamente difundido na internet chinesa. Mas fica a lição: dependendo dos interesses em jogo, os autoproclamados apóstolos da liberdade de imprensa podem pregar a censura, exigi-la e praticá-la.



Clique aqui para ver vídeo com reportagem sobre os tumultos em Lhasa no dia 14 último.



Da redação, com agências