Governo não pretende restringir o crédito, diz Mantega
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou nesta segunda-feira (24) que o governo federal esteja estudando medidas para restringir o crédito. Segundo ele, o Planalto pretende apenas assegurar o crescimento estruturado da economia por meio do estímulo aos
Publicado 25/03/2008 10:23
“Nos próximos dias, vou conversar com representantes de vários setores para saber se eles estão em condição de ampliar a oferta e atender o crescimento da demanda nos próximos anos”, disse o ministro. “Prefiro a economia crescendo 5% por 10 ou 20 anos a um rompante que seja abortado por causa de um desequilíbrio”, adicionou.
Entre os setores com os quais Mantega presente conversar estão a indústria automobilística, a siderurgia e a indústria do cimento. O ministro também adiantou que, na próxima quarta-feira (26), se reunirá com representantes de instituições financeiras para avaliar a expansão do crédito no país.
“Se o setor financeiro disse que segura a alavancagem [crescimento da demanda], estarei mais seguro. A preocupação não é com o presente, mas com o futuro”, afirmou.
Na semana passada, Mantega teria dito que empréstimos de 80 ou 90 prestações para aquisição de veículos seriam muito longos. A restrição ao crédito, ou seja, a determinação de fixar número de parcelas seria uma forma do governo conter a inflação.
Outras iniciativas
Segundo o ministro, medidas para conter o crédito já foram tomadas quando, por exemplo, o governo aumentou para 0,38% a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas físicas, em janeiro, e a cobrança de compulsório sobre aplicações de empresas de leasing.
O ministro descartou ainda que o aquecimento da economia brasileira possa se refletir em aumento do índice da inflação neste ano. “No momento, não há um processo inflacionário preocupante no Brasil, apenas uma pressão externa provocada pelas commodities [bens primários com cotação no mercado internacional] e pelos alimentos, que devem baixar de preço quando começar a safra”, destacou. “Se tirarem os alimentos, a inflação cai para abaixo da meta.”
Inflação
Nesta segunda-feira, o boletim Focus do Banco Central, pesquisa semanal feita com cem instituições financeiras, mostrou que os analistas de mercado projetam inflação maior para este ano no atacado. A estimativa para o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu de 5,20% para 5,42% e a previsão para Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) foi elevada de 5,36% para 5,43%. Os dois índices medem o preço principalmente no atacado.
Já a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2008 – índice oficial usado pelo governo, que mede a inflação para o consumidor – ficou inalterada em 4,44%, praticamente no centro da meta de inflação para esse ano, que é de 4,5%.
Economistas acreditam que o aumento da inflação poderia acarretar a elevação dos juros. Mantega, no entanto, disse que essa decisão (de aumentar a taxa de juros) cabe ao Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central.
O ministro afirmou ainda que é necessário que se faça uma análise do sistema de crédito e das perspectivas de investimento dos setores da indústria com maior utilização da capacidade instalada para evitar uma escalada dos preços.
“Não vejo risco para agora, nem para 2009 ou 2010, justamente porque estamos nos antecipando. Quando nos preocupamos em estimular os investimentos, queremos aumentar a oferta desses setores”, destacou. “O tipo de preocupação que nós temos é positiva, de quem está vivendo um momento favorável, ao contrário dos Estados Unidos e da Europa”, disse Mantega.
Fonte: Agência Brasil