Chávez e Lula enaltecem maturidade política dos paraguaios
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (21) que o triunfo do ex-bispo católico Fernando Lugo, nas eleições presidenciais do Paraguai, “é a vitória da democracia”. Palavras parecidas foram usadas pelo chefe de Estado venezuelano
Publicado 21/04/2008 19:13
Segundo a Agência Bolivariana de Notícias (ABN), Chávez e Lugo conversaram por telefone e demonstraram vontade de se reunir em breve. “Ambos os presidentes manifestaram o interesse de se encontrar o mais rápido possível para conversar sobre os planos de cooperação”, informou o comunicado oficial do governo. “Hugo Chávez ratificou ao presidente eleito Fernando Lugo sua vontade de seguir trabalhando para alcançar o desenvolvimento compartilhado do povo paraguaio e do povo venezuelano.”
Depois de 61 anos no poder, a Associação Nacional Republicana (ANR) – mais conhecida como Partido Colorado – perdeu as eleições paraguaias para a Aliança Patriótica para a Mudança, partido de Fernando Lugo. De acordo com as autoridade eleitorais do país sul-americano, 65% dos 2,8 milhões de eleitores habilitados compareceram aos locais de votação.
Ao falar das eleições paraguaias, Lula destacou que não considera Lugo um esquerdista, sem fazer maiores comentários. “Sua eleição representa a vitória da democracia e sua vitória foi reconhecida por todos os candidatos. Houve uma mudança e, se foi pela vontade do povo, eu o respeito”, afirmou o presidente brasileiro, de acordo com a Agência Brasil.
Durante a campanha, Lugo incluiu o aumento da capacidade de exportação e de diversificação de produtos e mercados entre as prioridades de seu governo. A revisão do acordo para a venda de energia da Usina Hidrelétrica de Itaipu, administrada em parceria com o Brasil, é outra das bandeiras do presidente eleito.
Antes de embarcar de volta ao Brasil após uma viagem de três dias em Gana, Lula negou que o Brasil vá revisar o tratado assinado com o Paraguai sobre Itaipu, depois que o ex-bispo anunciou sua intenção de modificar o acordo vigente há 35 anos. Lula também manifestou que, apesar de compartilhar princípios ideológicos com Lugo, “nada muda o tratado” – e acrescentou que a agenda bilateral “vai além da hidroelétrica”.
O Paraguai quer um aumento no preço da energia excedente que vende para o Brasil e a possibilidade de poder comercializá-la com outros países. O acordo de 1973 estipula a obrigação de uma troca mútua e exclusiva desses excedentes até 2022, quando os paraguaios terminarão de pagar sua parte da obra. Como o país não utiliza nem 5% da energia da maior hidroelétrica em funcionamento do mundo, o Paraguai vende ao Brasil seus 45% restantes.
“Nesses cinco anos de governo, tive umas 20 reuniões com o Paraguai. São muitos os temas, não é só a questão de Itaipu. Falamos da nossa fronteira, que é muito grande e envolve vários estados, de Ciudad del Este, de investimentos”, acrescentou Lula. “Temos muito para continuar conversando com o Paraguai.”