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No Dia da Desgraça, palestinos lutam por suas terras

Milhares de árabes israelenses se manifestaram nesta quinta-feira (8) para exigir o direito de voltarem às terras de onde foram expulsos com a criação do Estado de Israel, que festeja hoje seus 60 anos.

Aos gritos de “não há alternativa ao direito ao retorno”, os manifestantes se reuniram na floresta de pinheiros que cobre as ruínas da aldeia árabe de Saffuriya, perto de Nazaré, na Galiléia.



Os manifestantes agitaram bandeiras palestinas entoando: “com nosso sangue, com nossa alma, nos sacrificaremos pela Palestina”.



Enquanto isso, do outro lado da estrada, dezenas de israelenses hasteavam a bandeira de Israel festejando o 60.º aniversário da omplantação do Estado sionista.



“Os cruzados estavam aqui há 150 anos e foram embora. O mesmo acontecerá com Israel”, declarou à Suleiman Abd al-Majid, que fugiu de Saffuriya há 60 anos, quando tinha 14 anos, e vive hoje perto de Nazaré.



Abd al-Majid veio reivindicar para seus 12 filhos e seus 40 netos o direito de voltarem para sua terra.



Cerca de 760.000 palestinos foram expulsos de suas terras. A sorte destes refugiados e de seus descendentes, que representam no total quase 4,5 milhões de pessoas, é um dos temas mais sensíveis do conflito israelense-palestino. Israel não admite que esses refugiados voltem para seu território.



Abd al-Majid ainda se lembra da noite em que as forças israelenses invadiram a aldeia, que tinha cerca de 5.000 habitantes em 1948. A maioria das casas foi arrasada pelos soldados israelenses.



“Naquela noite, os aviões chegaram e bombardearam as estradas, e os tanques vieram e ocuparam a cidade. Fugimos pelos campos de oliveiras. Me escondi lá junto com 50 pessoas, todas mulheres e crianças”, relatou.



“Até daqui a um milhão de anos, estaremos pedindo o direito ao retorno dos refugiados na Palestina”, afirmou Aziz Basiuni, um estudante de 21 anos, segurando uma imensa bandeira com uma foto de Che Guevara, para ele o “um símbolo de vitória”.



Para marcar seu compromisso com uma terra da qual seus refugiados foram expulsos por Israel, os palestinos inauguraram nesta quinta-feira na Cisjordânia um “campo do retorno”.



O campo foi aberto na presença do primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, em Ramalá, perto da Muqataa, o quartel-general da Autoridade Palestina.



O campo abriga uma exposição de fotos e documentos relatando a “nakba” (a catástrofe) que representou para os palestinos a criação de Israel, em 1948.



Em Belém , no sul da Cisjordânia, centenas de palestinos desfilaram em volta de um caminhão que transportava uma gigantesca chave metálica.



A chave, de 10 toneladas, simbolizava o compromisso de cada refugiado com a casa que foi obrigado a abandonar em 1948.



Com cerca de 10 metros, a chave foi especialmente fabricada por uma associação de jovens refugiados para a comemoração do 60º aniversário da Nakba.