EUA: Domésticas protestam contra violência patronal
O “Congresso Nacional dos Trabalhadores Domésticos”, realizado durante o último fim de semana na cidade de Nova York, revelou a dura realidade das trabalhadoras domésticas nos Estados Unidos.
Publicado 11/06/2008 14:11
Cerca de 100 mulheres, a maioria das quais representantes de grupos de trabalhadores domésticos em 10 cidades norte-americanas, participaram do evento.
Quase todas eram imigrantes, do México, da América Central, da América do Sul, do Caribe, das Filipinas e da Índia.
Elas se reuniram para definir formas de lutas por direitos como férias e feriados pagos, aumentos de salário que acompanhem a alta no custo de vida, planos de saúde, pagamento de aviso prévio e indenização, no caso de demissões.
Os trabalhadores estão apoiando um projeto de lei que está tramitando no Legislativo estadual de Nova York, a Carta dos Direitos dos Trabalhadores Domésticos.
Caso a medida seja aprovada, seria o primeiro estatuto dos trabalhadores domésticos a vigorar nos Estados Unidos.
As trabalhadoras domésticas daquele país são frequentemente agredidas por seus patrões.
Uma delas, assustada a ponto de nem querer revelar o nome, contou ao jornal The New York Times sobre os tapas que recebia da patroa enquanto arruinava as mãos tentando encerar o piso de uma casa em Bethesda, Maryland.
Outra, Violeta Anthony, 29 anos, originária de Bombaim, na Índia, disse que seu rosto ficou marcado e inchado quando a patroa a lançou contra uma parede, em Queens, Nova York, e a esbofeteou.
Aracelli Herrera contou que algumas de suas patroas inspecionavam sua bolsa quando ela saía, e se recusavam a levá-la de carro até o ponto de ônibus, que ficava meia hora distante do local de trabalho. Uma empregadora, ela contou, decidiu demiti-la depois que ela passou por uma cirurgia de pedra de vesícula que requeria um mês de repouso.
“Com cada emprego, eu era mais explorada. O fato é que, quanto mais você sofre, mais difícil é se defender”, disse Herrera, 48 anos, que estudou optometria em seu México natal e hoje é governanta em uma casa em San Antonio. “Nós saímos de uma atmosfera de violência, de espancamentos, e por isso sentimos que temos a obrigação de tolerar condições como essas”.