Brasil forma força-tarefa para triplicar vendas à China
Empresários e governo se uniram para reduzir o déficit comercial do Brasil com a China. Uma força-tarefa com 35 pessoas elaborou um plano estratégico chamado “Agenda China”, para elevar e diversificar as exportações para o gigante asiático. A meta geral é
Publicado 17/06/2008 09:31
Participam do grupo funcionários dos ministérios do Desenvolvimento, Agricultura, Relações Exteriores e da Agência de Promoção de Exportações (Apex). Pelos empresários, estão representantes do Conselho Empresarial Brasil-China e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Os técnicos cruzaram as pautas de exportação do Brasil e importação da China e identificaram 619 produtos que os brasileiros poderiam vender aos chineses. Esses itens correspondem a 67% das compras totais da China no exterior. O grupo dividiu os produtos em oportunidades de curto, médio e longo prazo. No curto prazo, foram encontrados 147 itens.
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, estão incluídos no grupo de expansão rápida produtores dos setores têxtil e de máquinas e equipamentos, que reclamam da concorrência chinesa. “Mesmo no têxtil, há nichos de mercado, ligados à moda, em que o país é competitivo”.
Rodrigo Maciel, secretário-executivo do Conselho Brasil-China, explica que entre os critérios de escolha dos setores estão o dinamismo do mercado chinês, a competitividade do produto brasileiro, os preços médios praticados na China, a logística e os atuais fornecedores. “Temos que fortalecer a imagem do Brasil na China, que hoje praticamente não existe”, afirmou.
O estudo também mapeia as barreiras tarifárias e não-tarifárias contra as exportações brasileiras, para guiar o governo nas negociações com os chineses. Outro tema é a oportunidade de joint-venture para atrair investimentos chineses ao Brasil, que até agora não chegaram na velocidade que o governo e a iniciativa privada esperavam.
Meta
Entre 2000 e 2001, as exportações para a China saltaram 970%, de US$ 1,1 bilhão para US$ 10,7 bilhões. As importações cresceram mais rápido: 1.050%, de US$ 1,2 bilhão para US$ 12,6 bilhões no período. A China ultrapassou a Argentina e se tornou o segundo maior fornecedor do Brasil. Dessa maneira, o saldo do Brasil com a China, que chegou a US$ 2,4 bilhões em 2003, se transformou em déficit de US$ 1,9 bilhão em 2007.
Apesar de números tão desfavoráveis, empresários e governo dizem que é possível cumprir a meta. “Podemos triplicar as exportações, porque o Brasil é competitivo”, disse Barral. “A meta de exportação é factível”, concordou Maciel. Ele argumentou que as exportações do Brasil para a China crescem cerca de 25% ao ano apenas por conta da demanda forte por commodities.
Os resultados detalhados do documento, intitulado “Agenda China: ações positivas para as relações econômicas e comerciais sino-brasileiras”, serão apresentados em Brasília no dia 3 de julho. Na semana seguinte, acontecem seminários sobre o Brasil para importadores e investidores chineses em Pequim e em Macau. A força-tarefa vai funcionar até a Expo Xangai em 2010. Segundo Barral, a metodologia será utilizada para estudos com outros parceiros comerciais. O próximo será a Ucrânia.
Fonte: Valor Econômico