Eleições: restrição à internet revela ignorância tecnológica
A insistência das autoridades eleitorais em proibir o uso livre da Internet para a propaganda de partidos e candidatos em campanha é o indicativo mais claro para um fato alarmante: a inadaptação dessas autoridades ao avanço tecnológico, ao ingresso de
Publicado 12/07/2008 11:12
Sequer houve, nestes 10 ou 15 anos da presença da rede mundial de computadores neste País, sequer houve qualquer preocupação dos tribunais eleitorais em procurar estudar, avaliar essa nova ferramenta de comunicação em face das leis e regras estabelecidas. Isso é explicado pela teoria da comunicação como reação aos novos códigos de linguagem, fenômeno que acontece em todas as áreas de atividade em face do novo, do ainda estranho e não sabido…para eles.
Aquele verso do compositor Caetano Veloso é uma síntese poética desse estranhamento, e que ajuda a entendê-lo numa hora dessas: “Afasto o que não conheço”. Pois bem, é o que os tribunais eleitorais estão fazendo com a “estranha” linguagem da informática.
E essa estranheza pode perfeitamente ser chamada de preguiça da inteligência. Ou pior: o temor de perder poderes diante de um novo e poderoso código de comunicação coletiva. Diante disso, nos vemos, mais uma vez, diante daquele clássico confronto dialético entre o novo e o velho. Este procurando evitar a adoção de ferramentas inéditas trazidas pelo desenvolvimento da ciência e da tecnologia. É como se os tribunais dissessem, como nossos velhos pais: “Já estão inventando moda… Parem de inventar besteira!!!”.
No caso, os inventores e a “besteira” representam o novo, o progresso e o avanço. Infelizmente, não é só no terreno das leis eleitorais que acontece a reação da autoridade contra o novo ainda desconhecido. No Congresso Nacional, a maioria continua afastando o que diz não conhecer, ou seja, as mudanças para que se desenhe uma reforma
No caso dos tribunais eleitorais, não entendem e não aceitam. No caso do poder Legislativo, seus integrantes entendem e fazem questão de não aceitar. Neste e naquele poder, a negativa é uma forma de manter a velha ordem e garantir aos seus ocupantes todos os espaços de poder que hoje controlam.
*Sérgio Augusto Silveira é jornalista