Dieese: negociação salarial no semestre ficou aquém de 2007

A pesquisa do Dieese sobre as campanhas salariais do 1º semestre de 2008, divulgada nesta quinta-feira (4), revela que, em geral, o resultado obtido pelas categorias foi inferior ao de 2007, embora a maioria tenha conquistado reajuste igual ou ligeirament

O órgão acompanhou 309 negociações, sendo 44% do setor de serviços, 41% da indústria e 15% do comércio. Deste total, 86% conseguiram assegurar a recomposição do INPC acumulado em 12 meses até a data-base – ou um pouco mais. Tal percentual supera os acordos e convenções coletivas fechadas entre 1996 e 2005, mas fica abaixo dos reajustes arrancados em 2006 e 2007 no período.



Aumento real



De acordo com o levantamento, 74% das negociações firmadas entre janeiro e junho deste ano tiveram aumento real de salário, com o índice de reajuste superando a inflação no período. Esse resultado também está abaixo dos verificados em 2006 (com aumento real em 84% das negociações) e 2007 (com 87%).



O Dieese também verificou que 14% dos acordos  abaixo do INPC acumulado na data-base, ante 3% em 2007.



Setores e regiões



Segundo a pesquisa, as negociações no setor industrial apresentaram o maior índice de acordos superiores a inflação, registrando 81%. O comércio aparece logo atrás com 80% das negociações ficando acima dos aumentos de preços. Porém, a média caiu com o setor de serviços, que no primeiro semestre teve 64% dos acordos com reposição da inflação. O levantamento não considerou negociações realizadas por entidades de trabalhadores rurais e de funcionários públicos.



As negociações entre empresas e trabalhadores das regiões Sul e Centro-Oeste apresentaram 85% de reajustes acima da inflação, enquanto essa taxa ficou em 70% nas regiões Sudeste e Nordeste e 63% na região Norte.
ICV-Dieese



O quadro fica mais favorável aos trabalhadores e trabalhadoras quando se utiliza o Índice de Custo de Vida (ICV-Dieese). Neste caso, aproximadamente 98% das negociações salariais obtiveram ganhos acima da inflação e apenas 2% ficaram abaixo. A diferença decorre do fato de o ICV-Dieese ter registrado variações menores nos preços do que o INPC.



No balanço divulgado nesta quinta-feira, os técnicos do Dieese destacam que nos últimos anos “os trabalhadores brasileiros têm gozado de um cenário favorável à negociação coletiva que resulta, principalmente, do crescimento econômico, da expansão do nível do emprego e da inflação controlada, num contexto político democrático”. A conjugação desses fatores fortalece o poder de barganha dos sindicatos.



Inflação



De outro lado, “a elevação dos preços de determinados produtos nos últimos meses” afetaram negativamente as negociações. O órgão adverte, porém, que qualquer pretensão de projetar “linhas de tendências de médio e longo prazo é precipitada (…) Sabe-se que a aceleração dos preços é um fenômeno mundial e tem afetado somente parte das mercadorias comercializadas. Porém, se é um fenômeno de longa duração ou quanto e como afetará os países, em conjunto e individualmente, isto é ainda incerto”.



Finalmente, o Dieese observa que na comparação “entre os primeiros semestres de 1996 e 2008, o presente ano revela o terceiro melhor resultado da série. É preciso lembrar que um fator da maior importância para o bom desempenho das negociações coletivas do trabalho é o comportamento das vendas e dos lucros das empresas, impulsionados pelo crescimento da economia”.



E agrega: “A previsão para o segundo semestre de 2008 é de continuidade do bom desempenho apurado até o momento. Os indicadores econômicos do primeiro semestre foram bastante favoráveis e, mesmo na hipótese de uma ligeira retração no segundo semestre, devem confirmar um ano de excelentes resultados. Em conjunturas como essas, há margem não só para a preservação do poder de compra dos salários, mas também para a conquista de aumentos reais”.



Fonte: Diap (http://diap.ps5.com.br)