Queda acentuada da inflação revela erro do Banco Central

A política de elevação sistemática da taxa de juros pelo Banco Central (BC) mais uma vez revelou-se destemperada. Com a intenção de combater a alta inflacionária causada pelo aumento nos preços dos alimentos, a instituição elevou a taxa no segundo

Segundo o economista Lécio Moraes, assessor técnico da liderança do PCdoB na Câmara, o índice da inflação em agosto explica que o chamado choque era um choque externo decorrente basicamente das pressões especulativas sobre as commodities. “Quando a bolha furou logo se refletiu nos preços internos. Isso demonstra que as medidas draconianas do BC era absolutamente desproporcionais com a situação”, disse.


 


Para o economista, isso significa que os preços irão se estabilizar e naturalmente serão convergidos para a retomada da meta inflacionária de 4,5%. “Agora as conseqüências na elevação da taxa de juros continuarão a pressionar a demanda e o investimento nacional e, o reflexo dela, vai ser uma queda provável na taxa de crescimento econômico no começo do próximo ano”, avaliou.


 


A queda da inflação foi metida pelo IBGE com base nos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que no mês de agosto apresentou uma variação de 0,28%, 0,25 ponto percentual abaixo da taxa de julho (0,53%). O grupo Alimentação e Bebidas foi o principal responsável pela redução do ritmo de crescimento do IPCA. Foram destaques a queda nos preços do tomate, batata inglesa e feijão mulatinho.


 


Mais uma ameaça inflacionária  


 


A saída dos recursos estrangeiros do Brasil, motivado pela crise na economia norte-americana e a decisão do Banco Central Europeu de manter os juros, é a bola da vez para uma possível onda inflacionária. “Basicamente o que nós poderemos ter é uma desvalorização acentuada da moeda, criando outra vez impactos inflacionários”, disse Lécio Moraes.


 


Caso o remédio continue sendo a elevação da taxa de juros, o economista explica que novamente a expectativa futura de crescimento do país será “fortemente prejudicada”. Segundo ele, ao contrário do que se acredita, o país continua vulnerável a movimentação do capital especulativo internacional.


 


“Basicamente deveria se tomar algumas decisões para neutralizar a capacidade da movimentação desses capitais influenciar o mínimo a atividade econômica do país”, diz Moraes, prevendo a retomada do debate sobre o controle de capitais.


 


De Brasília,


Iram Alfaia