Porta-voz do MPLA: resultado estava nos nossos horizontes

A liderança que o MPLA leva, com mais de 80 por cento, nos resultados provisórios das eleições legislativas angolanas “estava nos horizontes” do partido, considera o seu porta-voz, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”.

Sublinhando que os resultados das legislativas até agora conhecidos são ainda provisórios, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, secretário de informação do MPLA, afirmou que a liderança no escrutínio “demonstra a confiança do eleitorado angolano” no seu partido, mas lamentou as falhas no processo eleitoral em Luanda, que “beliscam” a imagem que o país pretendia transmitir destas legislativas para o estrangeiro.



“É um voto na paz e na estabilidade, na reconciliação e na reconstrução de Angola”, disse Norberto dos Santos, que” enalteceu “a forma como os angolanos se comportaram neste processo”.



Nesta entrevista à agência portuguesa Lusa, na sede nacional do MPLA, Norberto dos Santos adiantou que “o resultado estava nos horizontes” da sua força política e disse que qualquer surpresa demonstra “desconhecimento” em relação ao seu partido.



“Não conheço na África e no mundo um partido num sistema multipartidário que tenha estruturas em locais de residência em todo o país”, frisou. “Nós não aparecemos só nesta altura de eleições. Em cada bairro em cada aldeia, os nossos militantes estão lá quase todos os dias, como um padre reza aos domingos, como um catequista que fala do MPLA”, prosseguiu, explicando a natureza do seu partido: “De massas, de quadros e eleitoralista.”



“Só em termos de militantes do partido, temos quase 3 milhões em todo o país”, adiantou Norberto dos Santos, referindo ainda as estruturas de juventude e uma organização feminina, “ambas muito fortes” na força política. “Os jovens e as mulheres constituem o maior número de eleitores em Angola”, lembrou.



“Se os angolanos não nos dessem agora esta possibilidade [eleição], o nosso projeto para Angola seria interrompido, o que poderia trazer alguns recuos para o país”, referiu o político do MPLA. “Com todo o respeito pela oposição, em termos de quadros e de quem possa dar um rumo a este país, com um programa de desenvolvimento, credível e possível de executar, estamos em melhores condições”, declarou.



O processo de votação em Luanda foi contestado pela Unita, que apresentou a impugnação das eleições na capital, uma iniciativa para a qual o porta-voz do MPLA não encontra justificação.



“Verificamos algumas insuficiências [na capital] que foram corrigidas pela direção da Comissão Nacional Eleitoral (CNE)”, disse Norberto dos Santos. “Todos reconhecemos que no início houve problemas, mas não há razão para pôr em causa todo o processo”, salientou, enaltecendo o fato de em Luanda terem votado 70 por cento dos eleitores [dados do partido]”.



Por outro lado, o porta-voz do MPLA disse não ter conhecimento de que “os delegados da Unita nas assembléias tenham apresentado alguma reclamação” no local. “Pelo contrário, assinaram as actas do resultado do trabalho das eleições”, afirmou.



Norberto dos Santos lamentou que a imagem que Angola queria dar ao mundo de um processo eleitoral exemplar tenha ficado “um bocado beliscada” com as falhas na capital: “Nós próprios, como partido que sustenta o Governo, ficamos preocupados, tendo em conta que processo estava a ser conduzido de modo a que no dia D não houvesse estas insuficiências”, assinalou. “E o que nos preocupou mais é que isto aconteceu aqui em Luanda”, apontou, acrescentando que vai haver “a necessidade de um apuramento de responsabilidades”.