O 7 de Setembro e o futuro do Brasil
Mais uma vez a chamada imprensa monopolizada pelo pensamento único ignorou solenemente o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os investimentos no País, durante reunião ampliada do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES),
Publicado 08/09/2008 17:48
Na ocasião, Lula alinhou de forma organizada, um conjunto de fatos concretos e dados estatísticos para dar consistência ao discurso que ele procurou sustentar diante de uma platéia qualificada de líderes de todos os partidos políticos, das principais instituições nacionais e personalidades de várias áreas da sociedade brasileira, de lideranças sindicais e empresariais a intelectuais e representantes dos poderes da República.
Lula fez, inclusive, uma alusão explícita ao papel da imprensa, destacando sua importância no cenário político, mas que acabou não se revelando útil para a divulgação do que ele procurava fazer. O objetivo do evento convocado pelo Palácio do Planalto era para demonstrar, nas palavras do Presidente, “que o crescimento que está acontecendo no Brasil não é, como diria um bom economista, um vôo de galinha. É, na verdade, o de uma águia que descobriu que pode voar mais alto do que estava acostumada a voar”.
Antes de Lula falar, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli já havia feito uma apresentação, assim como o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, Luciano Coutinho. “Quero dividir com vocês minha convicção de que estamos vivendo uma nova etapa de desenvolvimento econômico. O Brasil começou a dar um grande salto para o futuro”, completou Lula em sua apresentação do problema.
Os principais pontos que Lula abordou foram os seguintes:
1) O último grande alto-forno no Brasil foi inaugurado em 1986, ou seja, 22 anos atrás. Depois, tivemos um longo período de estiagem de investimentos. Só recentemente esse quadro mudou.
2) Hoje, estão projetadas dez novas grandes siderúrgicas, que dobrarão a produção nacional de aço em seis anos.
3) Nos anos 90, foram construídas apenas cinco fábricas de cimento. Agora, há dez novas plantas em construção.
4) Na petroquímica ocorreu o mesmo fenômeno. Só o Comperj, no Rio de Janeiro, receberá investimento de 13 bilhões de reais. Isso sem falar nos investimentos privados decorrentes da reestruturação societária no setor. É bom lembrar que o último pólo petroquímico implantado no Brasil, o da Copesul, é da década de 80.
5) Este ano serão produzidos aproximadamente 3,5 milhões de veículos. Em 2013, graças aos investimentos já anunciados, a capacidade instalada será de 6 milhões de unidades por ano, passaremos a ser a quinta ou a sexta produção de automóveis do mundo.
6) No setor de petróleo, a última refinaria construída no País foi exatamente em 1980. Agora, até 2010, a Petrobras implantará cinco novas refinarias. Nos próximos anos, ainda sem incluir a exploração e a produção no pré-sal, a Companhia pretende investir US$ 19,5 bilhões por ano, um salto simplesmente espetacular em relação ao que aconteceu na década passada.
7) Praticamente todos os setores estão vivendo um clima semelhante. A indústria de papel e celulose dobrará sua capacidade produtiva nos próximos anos. Na mineração, os investimentos até 2012 alcançarão cerca de R$ 100 bilhões. Na agroindústria, as perspectivas também são extraordinárias.
8) Mas talvez nenhum outro setor retrate tão bem o que se passou no país nos últimos 25 anos como a indústria naval. No início da década de 80, ela era a segunda do mundo, com 36 mil trabalhadores. Aí inventaram que não tínhamos competitividade e que era mais barato comprar navios lá fora. Resultado: em pouco tempo, nossos estaleiros foram a pique. Na virada do século, empregava menos de dois mil trabalhadores. Quando assumi o governo, a Petrobras encomendou a primeira plataforma de petróleo à indústria naval brasileira, a famosa P-51. De lá para cá, já contratamos mais quatro plataformas e iremos contratar mais oito até 2017. Seu índice de nacionalização – diziam que a gente não tinha conhecimento tecnológico – já chega a 72%. Além disso, os números que disse o José Sergio Gabrielli e o que a Transpetro está fazendo, mostram que nós, finalmente, recuperamos a indústria naval brasileira e queremos fazê-la muito maior.
9) Para garantir a logística e a infra-estrutura necessárias à vigorosa retomada do crescimento, o governo lançou, no início do ano passado, o PAC. Nessa área temos muito o que comemorar. A oferta de energia elétrica necessária para o crescimento do País está garantida para os próximos anos.
10) Além disso, a Petrobras vem aumentando fortemente a oferta de gás. Estamos incorporando novas fontes de energia, como a biomassa e a eólica, e decidimos retomar o programa de usinas nucleares neste país. Ou seja, foram-se os tempos em que a falta de planejamento e de investimento condenavam o País a viver sob a ameaça do racionamento.
11) Também graças ao PAC, nossas rodovias foram ou estão sendo recuperadas. E os leilões de concessões, não só derrubaram fortemente as tarifas antes vigentes, como estão permitindo investimentos privados significativos em algumas das estradas de maior tráfego no nosso país.
12) Quanto ao transporte ferroviário, praticamente abandonado antes, está renascendo. Aí estão as obras da ferrovia Norte-Sul, da Transnordestina e da Ferronorte. E no ano que vem, estaremos realizando os leilões para a concessão do trem de alta velocidade que ligará o Rio , São Paulo e Campinas, e da ferrovia de integração Oeste-Leste, na nossa querida Bahia. Os portos também estão sendo dragados e recuperados.
13) E a infra-estrutura de saneamento, que marcava passo há décadas, vive uma verdadeira revolução. Até 2010, o governo federal, os estados e as prefeituras investirão 40 bilhões de reais em abastecimento de água e esgotamento sanitário, beneficiando no mínimo 22 milhões de domicílios no nosso país.
14) Tudo somado, o investimento no País, sacudindo duas décadas e meia de letargia, está em forte expansão. Tem crescido nos últimos anos a taxas duas vezes superiores às do crescimento do PIB. O fato é que o País não só voltou a crescer, como tem apetite de crescer ainda mais.
15) A tudo isso vêm se somar as recentes descobertas de petróleo e gás no pré-sal, feitas pela nossa querida Petrobras, uma empresa criada em 1953, sob críticas de alguns e aplausos de muitos. Empresa que, depois de levar mais de 50 anos para conquistar a auto-suficiência, fez as descobertas das enormes jazidas do pré-sal, que tornarão ainda mais importante sua posição no cenário mundial. Se os recursos do pré-sal forem aquilo que imaginamos, o Brasil dentro de alguns anos se transformará num grande produtor mundial de petróleo.
16) Nos últimos anos, investimos na distribuição de renda e conseguimos combinar crescimento com redução da pobreza. Hoje o Brasil está construindo um novo modelo de desenvolvimento, voltado para todos. O emprego está aumentando e milhões de trabalhadores estão entrando no mercado formal de trabalho, com carteira assinada. A taxa média anual de desemprego é de 8,2% em 2008, a menor desde 2002, quando foi iniciada a série histórica do IBGE.
17) A renda dos trabalhadores também está aumentando e, pela primeira vez, milhões de brasileiros têm acesso ao crédito e podem adquirir bens antes inacessíveis para a maioria da população. Sob o impacto desse novo mercado de massa, a economia brasileira deu um salto à frente e mudou de patamar de crescimento. Isso só foi possível porque o País não se conformou com a desigualdade e foi capaz de superar o preconceito e a estreiteza.
18) Até bem pouco tempo, o pensamento predominante no Brasil era de que o País poderia crescer mantendo à margem do processo produtivo a maior parte do nosso povo. Por incrível que pareça, esse pensamento preocupava-se em arrumar o País apenas para 50 milhões de brasileiros, deixando três quartos da população entregues à própria sorte.
19) O Nordeste, que não possuía sequer uma refinaria de petróleo, em poucos anos contará com quatro: em Pernambuco, no Maranhão, no Ceará e no Rio Grande do Norte. Além disso, duas grandes siderúrgicas serão construídas, uma no Ceará e uma no Pará. Nesse último estado também será instalada uma planta de alumina de grande porte. Além disso, o compromisso do Roger, com mais uma no Maranhão e com a do Espírito Santo.
20) Mas não é apenas a indústria pesada que vem se instalando nessas regiões. Atraídas pelo mercado em expansão, inúmeras empresas estão abrindo no Norte e no Nordeste novas fábricas de materiais de construção, de alimentos, de tecidos, de químicos. Assim, o Brasil hoje está crescendo de forma mais harmoniosa e equilibrada, o que é uma grande novidade, que não aconteceu no século passado. A triste verdade é que durante séculos o Brasil, mesmo quando crescia, crescia torto e desequilibrado. Resultado: esquecida e abandonada, boa parte da população das regiões mais pobres acabava migrando para os grandes centros urbanos do Sudeste, contribuindo para o inchaço das cidades. Era um jogo onde todos perdiam e ninguém ganhava.
Alinhados estes 20 pontos concretos de crescimento econômico e social, o Presidente Lula concluiu seu pensamento dizendo que o Brasil está “começando a dar um salto para o futuro (…) porque soube superar as limitações desse pensamento”. “Os avanços dos últimos anos são motivo de orgulho e devem ser comemorados. Mas o momento não é de acomodação, ainda há muito por fazer. Temos de preservar e aperfeiçoar conquistas importantes, temos de enfrentar e vencer novos desafios”.
No plano econômico, Lula está convencido de que é necessário o ”crescimento econômico com inclusão social, crescimento econômico com redução das desigualdades regionais, crescimento econômico com base num amplo mercado de massa”. Em relação ao mercado sul-americano, Lula defendeu uma “integração não apenas comercial, mas também cultural e, especialmente, da infra-estrutura produtiva”.
No plano social e político, Lula defendeu o trabalho desenvolvido pelo Ministério da Educação para ampliar o nível de oferta e de qualidade do ensino em todos os níveis e anunciou o envio ao Congresso Nacional de uma iniciativa concreta de reforma política para aprofundar o sistema democrático no país.
O que está em pauta, na verdade, neste sete de setembro, é como elevar em muitos pontos estes índices já alcançados de crescimento em várias áreas da economia nacional e mesmo na esfera social e política. Nosso desafio é gigantesco, especialmente no que diz respeito a não mais depender de decisões econômicas tomadas fora do Brasil, fortalecendo o mercado interno, investindo em tecnologia e na transformação de nossa pauta de exportações, agregando valor aos produtos exportados. Este é o grande esforço que o Estado e todos os setores sociais e políticos brasileiros precisam enfrentar.