Bicho sobrevive a dez dias de vácuo e radiação no espaço

Os tardígrados são os primeiros artrópodes a serem expostos ao ambiente mortal do espaço e sobreviverem. Apenas bactérias e líquens já haviam conseguido sobreviver ao vácuo e a radiação extremas fora da atmosfera da Terra.

Menores que um milímetro e meio, os tardígrados podem sobreviver a longos períodos de seca, durante os quais permanecem inertes e desidratados, para voltarem à vida depois.



Ingemar Jönsson, da Universidade de Kristianstad (Suécia) e seus colaboradores resolveram então fazer o bicho passar pela prova final: sobreviver no espaço.



O pesquisadores relatam as conclusões do projeto Tardis (Tardígrados no Espaço) hoje na revista “Current Biology”.



Durante dez dias, amostras de duas espécies de tardígrados dissecados passaram por diferentes níveis de exposição ao ambiente espacial. Algumas amostras foram expostas somente ao vácuo, enquanto outras ficaram sem proteção nenhuma contra intensidades de radiação ultravioleta mil vezes maiores que as na superfície da Terra.



Recuperadas depois de cair no Cazaquistão, as amostras foram reidratadas em laboratório. Os tardígrados expostos somente ao vácuo não só sobreviveram como produziram filhotes.



Da amostra mais maltratada pelo vácuo e a radiação sobreviveram apenas três, cujos ovos, porém, não eclodiram. “Como esses animais sobreviveram permanece um mistério”, escrevem os pesquisadores no artigo.



O tardígrado é um invertebrado eucelomado (desprovido de cavidade abdominal) que apresenta algumas características dos anelídeos e outras dos artrópodes.



A maior parte dos biólogos considera o filo dos tardígrados independente, ou os inclui entre os parartrópodes. Há perto de 350 espécies, algumas marinhas e a maioria de água doce ou terrestre. São encontradas em solos pantanosos e sobre musgos ou líqüens.



Ao ser ressecado, o corpo do tardígrado murcha. Se seu hábitat seca totalmente, eles perdem aos poucos a maior parte da água de seus corpos e seus processos químicos ficam quase paralisados.



Esse processo é chamado de criptobiose, ou “vida escondida”. Um tardígrado pode sobreviver neste estado por mais de cinqüenta anos e suportar temperaturas de -250 °C até 150 ºC.