Jornalistas buscam apoio popular em defesa do diploma

Dirigentes de Sindicatos de Jornalistas do país inteiro, diretores da FENAJ, profissionais, estudantes de jornalismo, carregando faixas e cartazes e fazendo um enorme barulho com o apitaço que promoveram em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal

“Um serviço de natureza pública, como é o jornalismo, tem que ser prestado com competência, responsabilidade e ética”, disse o presidente da FENAJ, Sérgio Murilo de Andrade, que encabeçou a manifestação.



Eles protocolaram o abaixo–assinado, com mais de 20 mil assinaturas, para ser entregue ao presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, em que os cidadão brasileiros expressam  “apoio à exigência da formação superior específica para o exercício da profissão de jornalista”, que está ameaçado por um recurso extraordinário do Ministério Público Federal que questiona a regulamentação profissional dos jornalistas. A matéria já está na pauta do STF e pode ser votada a qualquer momento, sem direito a recurso.       



Para fazer frente aos argumentos dos donos de empresas jornalísticas, o documento alerta aos juizes de que “longe de ameaçar a liberdade de expressão, tal exigência oferece à sociedade garantias mínimas de qualidade da informação e compromisso ético profissional. Será a sociedade, e não apenas a categoria dos jornalistas, que perderá muito se for transferida exclusivamente aos donos dos veículos de comunicação o poder de arbitrar quem pode ou não exercer o Jornalismo no Brasil”.



O deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), que esteve na manifestação, fez discurso em plenário da Câmara dos Deputados, no mesmo dia, classificando o ato como “uma manifestação em defesa do jornalismo, da sociedade e da democracia no Brasil”. Ele disse ainda que apoia a reivindicação dos jornalistas do Brasil porque acredita que “se todos as carreiras têm diploma, por que o jornalista também não tem o seu diploma legalizado, oficializado para trabalhar nas empresas?”, indagou, manifestando  desejo de que o parecer do STF seja a favor da legalização do diploma de jornalista em nosso País.
 


Sem cobertura



O assunto não faz parte da cobertura jornalística porque é de interesse dos donos de empresa de comunicação que o STF vote a favor da desregulamentação, queixou-se o presidente da FENAJ, Sérgio Murilo. Ele disse que a luta dos jornalistas pela obrigatoriedade do diploma já recebeu apoio de importantes entidades, como a Associação dos Magistrados Brasileiros, várias seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).



“Ninguém cobre esse tipo de apoio”, afirmou, lembrando que “em 2004, quando a ABI divulgou uma nota contra o Conselho Federal de Jornalismo, teve o maior divulgação.  É contra esse tipo de coisa que nós lutamos – o bloqueio da informação que interessa a cidadania”, alertou.



Em busca de apoio do STF e principalmente da sociedade brasileira, a FENAJ e os sindicatos dos jornalistas vão manter as manifestações públicas até outubro, quando está prevista a votação do recurso extraordinário que questiona a constitucionalidade da legislação que regulamenta a profissão no Brasil.



Quem indica



Sérgio Murilo anunciou que a categoria vai seguir com esse tipo de manifestação, tentando conquistar o apoio da sociedade “porque não lutamos por diploma, lutamos por informação”. Ele explicou que sem a obrigatoriedade do diploma, quem decide se você pode exercer ou não a profissão é o patrão. Isso é autoritarismo”, acrescentando que “o critério que a FENAJ defende, que inclusive está servindo de modelo para outras experiências da nossa categoria em outros países do mundo, é o mais democrático – é o critério  do mérito pessoal.”



“Quem quer exercer a profissão de jornalista deve se qualificar para isso. Isso é bom para a profissão, mas é ainda muito mais importante para o cidadão que tem o direito de ser bem informado”, destaca o líder sindical.



Para o presidente da Fenaj, “o voto deles (ministros do Supremo) pode trazer um enorme prejuízo para a organização da categoria, que deixa de ser categoria e passa a ser uma amontoado, mas o maior prejudicado é o cidadão brasileiro porque, na medida em que não existe critério nenhum, qualquer um pode exercer a profissão, as barbaridades que hoje são cometidas – e isso é preocupação da FENAJ – irão se multiplicar e os prejuízos serão do cidadão que tem o direito de ser bem informado”, afirmou.



De Brasília
Márcia Xavier