ONU: há quase um bilhão de famintos no planeta
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, revelou nesta quarta-feira (17) no Parlamento da Itália que o número de famintos no mundo é de 925 milhões de pessoas.
Publicado 17/09/2008 16:20
“O número de pessoas famintas antes do aumento do preço dos alimentos em 2007 era de 850 milhões. Apenas este ano aumentou em 75 milhões, por isto alcançou o total de 925 milhões”, disse Diouf.
O diretor-geral da FAO afirmou isto em discurso nas Comissões de Agricultura e de Assuntos Exteriores do Senado italiano, onde declarou que para enfrentar a situação são necessários US$ 30 bilhões anuais.
Para Diouf, os US$ 30 bilhões terão de ser investidos para dobrar a produção de alimentos e eliminar a fome. Esse volume de investimentos é “modesto”, em comparação aos mais de US$ 100 bilhões em subsídios gastos no mundo por ano ou os US$ 1,3 trilhão de gastos em armas anualmente, segundo Diouf.
Para o diplomata senegalês trata-se de uma “cifra modesta” caso se considere que países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) destinam US$ 376 bilhões para sustentar seu setor agrícola.
Também afirmou que após o aumento de 12% do preço dos alimentos entre 2005 e 2006 e de 24% em 2007, o índice da FAO registrou crescimento de 50% nos sete primeiros meses deste ano.
O diretor-geral da FAO reiterou que as previsões indicam que, mesmo que a produção de cereais no mundo melhore, os preços se manterão estáveis nos próximos anos e a crise dos alimentos continuará nos países pobres.
Se a atual tendência foi mantida, Diouf alerta que a meta de reduzir a fome pela metade apenas será alcançada em 150 anos
Fome na Europa
A Comissão Européia (CE, órgão executivo da União Européia) propôs nesta quarta-feira (17) aumentar em dois terços, para 500 milhões de euros, o orçamento anual para os programas de ajuda à repartição de alimentos entre as pessoas que vivem em condições miseráveis do bloco europeu.
O Executivo comunitário apresentou uma proposta com a qual pretende revisar e ampliar os planos atuais com os quais a UE custeia a distribuição de alimentos, diante da atual crise de preços, que agravou o problema da falta de comida entre as classes mais desfavorecidas.
Atualmente, esses programas de distribuição de alimentos contam com uma verba de 300 milhões de euros anuais. Na proposta, a CE pretende elevar para 500 milhões o orçamento anual em 2009.
Segundo a CE, 43 milhões de cidadãos estão em risco de “pobreza alimentícia” porque não podem arcar com os custos de um prato de comida com carne ou pescado a cada dois dias.
A comissária de Agricultura européia, Mariann Fischer Boel, declarou em coletiva de imprensa que a proposta, além de aumentar os fundos, amplia o número de produtos que podem ser doados e facilita o abastecimento de alimentos para os mais necessitados.