Familiares autorizam exumação do poeta García Lorca
Familiares do poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca (1898-1936) concordaram com a exumação de seus ossos — que estão numa vala comum com três outros republicanos fuzilados pelos franquistas no início da Guerra Civil. Lorca foi provavelmente fu
Publicado 19/09/2008 17:22
Foram mortos e enterrados em sua companhia um professor primário chamado Dióscoro Galindo González e dois militantes sindicais, Francisco Galadi e Juan Arcolla. Acredita-se que estejam sepultadas naquela região de mil a 3 mil vítimas granadinas do franquismo.
Os descendentes de Lorca resistiam à idéia de exumá-lo por acreditarem que as fossas comuns representam “um cemitério natural” e mantêm unidas as vítimas “do mesmo selvagem e cruel assassinato”, conforme uma sobrinha-neta do poeta, Laura García Lorca, que é também presidente da fundação que leva o nome dele. Laura exige, no entanto, que a exumação ocorra de forma discreta, sem se tornar “um espetáculo de mídia”.
A exumação de Lorca foi evocada quando descendentes de Galindo González interpelaram a Justiça para terem o direito de transferir seus ossos ao túmulo familiar. A petição está nas mãos do juiz Baltasar Garzón, responsável pela prisão em Londres, em 1998, do ex-ditador chileno Augusto Pinochet (1973-1990).
Balanço da Guerra Civil
Garzón é hoje um dos encarregados de fazer um levantamento rigoroso sobre o número de vítimas da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), depois da qual começaram os 36 anos da ditadura de Franco.
A exumação de Lorca era também defendida pela Associação para a Recuperação da Memória Histórica. Seu presidente, Emilio Silva, disse “não entender as objeções da família García Lorca”. Afirmou também que, a rigor, os demais ocupantes da vala comum poderiam ser retirados, mantendo-se desacompanhados os ossos do poeta. “Não compreendo que tenha sido preciso chegar às vias judiciais para que o problema fosse resolvido”, afirmou Emilio.
A sobrinha-neta — que acabou concordando com a exumação antes de o juiz determiná-la — afirmou ontem considerar “infame” a insinuação de que só o pleno conhecimento sobre os sepultados em valas comuns permitiria aprofundar a história do período na Espanha.
Da Redação, com informações da Folha de S.Paulo